23 de Junho de 2017 às 08:32

Caixa puxa saldo negativo do emprego no setor bancário em cinco meses de 2017

Caixa

Apesar dos altos lucros, liderando o ranking do setor mais lucrativo da economia brasileira, a onda de cortes provocada pela política de terra arrasada levada adiante pelos bancos no Brasil continua desenfreada. De janeiro a maio de 2017, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), os bancos que operam no país fecharam 9.621 postos de trabalho. Isso representa um aumento de 60,4% em relação ao registrado no mesmo período em 2016.

No topo da classificação do desemprego bancário, apenas a Caixa Econômica Federal registrou saldo negativo de 4.368 vagas no acumulado dos cinco primeiros meses do ano. No único banco 100% público do país, o elevado número de cortes é resultado do Plano de Demissões Voluntárias Extraordinário (PDVE), lançado no início de 2017, tempos antes da liberação dos saques das contas inativas do FGTS, que aumentou significativamente a demanda de trabalho na empresa, agravada pela ampliação do horário de atendimento e pela abertura de agências aos finais de semana.

Os dados são da Pesquisa do Emprego Bancário (PEB), realizada regularmente pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT), em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). As informações que servem de base para esse levantamento são baseadas em números do Caged, vinculado ao Ministério do Trabalho.

Nenhum estado apresentou saldo positivo de emprego bancário. O enxugamento do quadro causou maior impacto em São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro, com registro de fechamento de vagas em torno de 2.804 (29,1%), 1.322 (13,7%) e 1.049 (10,9%), respectivamente. O último mês com saldo positivo de emprego ocorreu em janeiro de 2016, quando houve mais contratações do que demissões. Desde então, o registro é de apenas saldos negativos.

A análise por Setor de Atividade Econômica revela que os bancos múltiplos com carteira comercial, categoria que engloba grandes instituições como Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander, fecharam 4.960 postos de trabalho (51,6% do total de postos fechados). A Caixa Econômica Federal foi responsável pelo corte de 4.368 vagas (45,4%).

Motivo dos Desligamentos

A maioria dos desligados foi de trabalhadores mais velhos e com mais tempo no emprego. Do total das demissões ocorridas nos bancos, 52% foram sem justa causa, perfazendo 9.573 desligamentos. Os desligamentos a pedido do trabalhador, também expressivos, representaram 41% do total e totalizaram 7.505, devido à concentração dos desligamentos na Caixa por meio do PDVE, com registro de impactos mais pesados em março de 2017.

Desigualdade entre Homens e Mulheres

As desigualdades continuam visíveis no setor bancário. As 4.409 mulheres admitidas nos bancos nos cinco primeiros meses de 2017 receberam, em média, R$ 3.530,69. Esse valor correspondeu a 67,3% da remuneração média auferida pelos 4.294 homens contratados no mesmo período.

No momento do desligamento observou-se, praticamente, a mesa diferença na remuneração entre homens e mulheres. As 9.306 mulheres que tiveram o vínculo de emprego rompido nos bancos entre janeiro e maio de 2017 recebiam, em média, R$ 6.397,68, o que representou 79,0% da remuneração média dos 9.018 homens que foram desligados dos bancos no período.

Faixa etária

Os bancários admitidos concentraram-se na faixa etária até 24 anos de idade, com saldo positivo em 2.457 postos. Os desligamentos se concentraram nas faixas etárias superiores a 25 anos e, especialmente, entre a de 50 e 64 anos, que registrou um corte de 6.597 postos de trabalho.

Tempo no emprego

Entre os 18.324 desligados, 46,6% estavam no emprego há 10 anos ou mais e 18,4% permaneceram entre 5 e 10 anos. Ou seja, observa-se que o corte dos postos nos bancos se deu principalmente entre aqueles com maior tempo de casa, sendo compatível com o fato de serem os trabalhadores mais velhos.

Defesa da Caixa 100% pública

Como a participação dos desligamentos a pedido foi expressiva devido ao PDVE da Caixa (41% do total), o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira, considera urgente e necessário que o único banco 100% público do país reponha as vagas dos que estão saindo. “Com a saída de quase cinco mil empregados e a falta de contratação, sobra um dia a dia de sobrecarga e adoecimentos nas unidades de todo o país. Isso tende a se agravar ainda mais com essas demissões detectadas pela Pesquisa do Emprego Bancário”, elaborada pela Contraf/CUT – Dieese”, afirma.

Para ele, é preciso intensificar a defesa da Caixa 100% pública e sua importância na execução de políticas sociais. E acrescenta: “A política de corte de postos de trabalho reforça a intenção de enxugar o banco e prepará-lo para a privatização. Essa redução, gradativa e desmesurada, compromete ainda mais a qualidade do atendimento já bastante precário nas agências”.

Fonte: Fenae

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