27 de Abril de 2017 às 11:25

Greve Geral de 28 de abril inaugura um novo ciclo de lutas no Brasil

Greve Geral

A mobilização continua, sem tréguas! A Greve Geral de 28 de abril, convocada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e demais centrais sindicais do país, irá inaugurar um novo momento na luta social no Brasil. Contra a proposta de reformas da Previdência e trabalhista, contra a terceirização irrestrita e em defesa dos bancos públicos, trabalhadores e trabalhadoras do Brasil inteiro vão cruzar os braços por nenhum direito a menos. A recomendação é para que todas as categorias façam a sua parte, ocupando as ruas sem vacilação para derrubar as reformas antipopulares e apresentar um programa de democratização radical do sistema político.

Essa será uma greve nacional ampla, com forte e decisiva participação da base popular, envolvendo trabalhadores do campo e das cidades. Na avaliação da CUT, será necessário construir novos dias de mobilização nacional e greves que sejam capazes de pressionar o Congresso Nacional para barrar os projetos de um governo arbitrário. Um consenso: é preciso exercer o direito de resistência, mas de forma inteligente e eficaz. Devem ser agendados protestos semanais, em preparação a uma greve geral bem organizada.

“Nossa alternativa deve ser a de uma transformação profunda do sistema político, com um programa de combate aos privilégios, incluindo-se aí os do Judiciário e da mídia, e de abertura à ampla participação popular”, lembra Jair Pedro Ferreira, presidente da Fenae. Ele conclama a classe trabalhadora a, em 28 de abril, fazer a maior greve geral da história do país e convoca os empregados da Caixa Econômica Federal a participarem do movimento, intensificando os protestos para denunciar os ataques ao banco 100% público e para fomentar a defesa do emprego, dos bancos públicos e dos interesses dos trabalhadores. E conclui: “Nossa luta é por nenhum direito a menos”.

Como o projeto do governo Temer visa destruir de uma só vez três legados construídos ao longo dos últimos 80 anos: o de Lula (programas sociais), o da Constituição de 1988 (serviços públicos universais) e o de Getúlio Vargas, com suas garantias trabalhistas e previdenciárias, as mobilizações até então realizadas e a Greve Geral de 28 de abril integram todo um esforço de uma vitalidade da resistência, abrindo uma esperança de um novo ciclo de lutas, que poderá derrotar o desmonte do patrimônio público.

Pouco antes da Greve Geral, precisamente nesta quinta-feira (20), está sendo organizado o Dia Nacional de Luta em Defesa dos Bancos Públicos. “Para combater os retrocessos de todos os tipos, vamos demonstrar a nossa força e frear os desmandos de um governo ilegítimo”, afirma Fabiana Matheus, diretora de Administração e Finanças da Fenae. Segundo ela, estados e ramos de atividades da CUT devem organizar suas bases para a Greve Geral, pois temos motivos de sobra para repudiar o governo Temer e para convocar a classe trabalhadora a aderir a mais essa paralisação nacional. “As cidades vazias e paradas vão denunciar, repudiar e condenar o desmonte da Previdência e da legislação trabalhista, além da proposta que prevê terceirização em toda a cadeia produtiva”, complementa.

Primeira Greve Geral no Brasil data de 1917

Em julho deste ano, a primeira Greve Geral realizada no país completa 100 anos. Essa paralisação ocorreu em 1917, durou mais de um mês e foi deflagrada para ter um caráter geral. Na época, aliás, a questão social era tratada como questão policial. Um dos estopins da greve foi a morte do operário Jose Ineguez Martinez, causada pelas forças policiais. O movimento foi localizado principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Os tempos não eram favoráveis aos operários. Na época, as condições do movimento sindical eram marcadas pela heterogeneidade, já que a classe trabalhadora de então era composta por imigrantes que sequer compartilhavam a língua. Isto dificultava a unificação dos profissionais de diversas categorias e havia ainda uma grande disparidade no que diz respeito à remuneração. Até então, a classe operária não tinha direito a voto e era muito perseguida politicamente. Como resultado disso, as lideranças eram banidas para estados distantes do Brasil, ou expulsas para seus países de origem.

Apesar de haver enormes dificuldades para fazer sindicalismo na Primeira República ou República Velha (1889-1930), os anarcossindicalistas foram vitoriosos na mobilização de colocar em pé o movimento operário. Couberam a eles fundar a Confederação Operária Brasileira em 1906 e organizarem muitas greves. Uma prova de que é a luta que unifica, como tão bem descreveu o historiador britânico Eric Hobsbawn sobre os trabalhadores da Europa.

Verdade seja dita: a história republicana do Brasil sempre foi marcada por greves realizadas pelos trabalhadores. Decisivo ainda foi o papel do movimento sindical na redemocratização do país após a ditadura militar. Fica daí a lição de que a greve é um dos principais instrumentos para o trabalhador se fazer ouvir e expressar suas reivindicações.

Estudiosos apontam que, basicamente, existem dois tipos de greves: as defensivas e as propositivas. Na década de 90, muitas delas eram mais defensivas, deflagradas para manter direitos ou para fazer com que a lei fosse cumprida. A partir do início dos anos 2000, os movimentos passaram a ter caráter mais propositivo, visando a ampliação de direitos ou conquistas salariais.

Em relação à Greve Geral de 28 de abril deste ano, há o consenso de que essa paralisação foge dessa classificação. Dessa vez, segundo a opinião de historiadores, a Greve Geral assume caráter marcadamente político, porque reivindica a defesa de direitos universais de toda a classe trabalhadora. Na pauta deste ano estão a denúncia das alterações das regras da Previdência – que adia aposentadorias e diminui benefícios – e a defesa de direitos trabalhistas, muitos deles conquistados por meio da luta que tem como marco o ano de 1917.

Fonte: Fenae

Convênios saiba +

Clube de campo saiba +

Jogos/ Resultadossaiba +

Parceiros