26 de Setembro de 2007 às 15:10

Ministério do Trabalho entra na luta pelo emprego no ABN e Santander

(São Paulo) O Ministério do Trabalho quer intermediar o processo de fusão entre o ABN/Real e o Santander para defender os bancários das demissões que sempre ocorrem neste tipo de negócio. O apoio do governo nesta batalha foi a primeira conquista da Jornada Nacional de Luta dos Trabalhadores dos dois bancos, que foi iniciada nesta terça-feira e prossegue até sexta, dia 27.

"Este apoio que ganhamos do Ministério do Trabalho é muito importante e hoje se constitui no principal canal dos bancários no governo sobre a defesa do emprego no ABN e no Santander. Começamos bem a Jornada de Luta e queremos garantir mais apoios ao longo desta semana", afirma Deise Recoaro, diretora da Contraf-CUT.

Os bancários foram recebidos no Ministério do Trabalho por Paul Singer, secretário Nacional de Economia Solidária. A Contraf também foi recebida por Luiz Antônio de Medeiros, secretário de Relações do Trabalho, e por Ezequiel Nascimento, assessor especial do ministro Carlos Lupi.

"Eles nos garantiram que o Ministério do Trabalho será um ator ativo neste processo de fusão para garantir que o negócio não prejudique os trabalhadores. Se a venda do ABN para o Santander é boa para as empresas, precisa ser boa para os bancários também. Este foi o tom das discussões no Ministério", relata Paulo Stekel, diretor da Contraf e funcionário do Santander.

Ainda nesta terça-feira, a Contraf-CUT entregou ainda um documento denúncia no Ponto de Contato Nacional (PCN), órgão do Ministério da Fazenda que monitora a conduta das empresas multinacionais.

Pressão no parlamento
As atividades da Jornada de Luta começaram logo pela manhã, quando os trabalhadores foram ao aeroporto de Brasília para recepcionar deputados e senadores. A Contraf-CUT conversou com cerca de 150 parlamentares.

"A receptividade foi muito boa, alguns parlamentares se mostraram indignados por haver demissões nos bancos que tanto lucram no Brasil. Muitos solicitaram a nossa presença no gabinete para conhecer melhor a nossa luta e discutir o melhor meio do Congresso interferir no debate", diz Marcelo Gonçalves, coordenador da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do ABN, órgão da Contraf.

Os bancários permaneceram no aeroporto de Brasília das 9h ao meio dia. "Depois, demos continuidades ao corpo-a-corpo com os parlamentares no Congresso Nacional. Nos dividimos em seis grupos e formos procurar as lideranças dos partidos e diversas comissões das duas casas. Continuaremos esta pressão na quarta-feira", afirma Mário Raia, coordenador da COE do Santander.

Protesto na quarta
Nesta quarta-feira, dia 26, haverá um protesto em frente ao Congresso Nacional em defesa do emprego dos bancários do ABN/Real e do Santander. Os bancários vão estender um imenso varal com 19 mil fotografias representará o número de demissões já anunciadas pelo Santander para todos os países, caso a compra do ABN seja efetivada.

Também na quarta-feira, das 9h30 às 10h30, haverá uma audiência com a Secretaria-geral da Presidência da República. Às 16h, a reunião será com o presidente da Anamatra (Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho), Cláudio José Montesso. Em paralelo às audiências, os dirigentes sindicais passarão o dia em reuniões com deputados federais e senadores no Congresso Nacional.

No dia seguinte, 27, às 9h, haverá uma audiência pública com os bancos ABN, Santander e Barclays, na Comissão de Trabalho e Renda da Câmara dos Deputados. No mesmo dia, os representantes dos bancários reúnem-se com o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia. Também no dia 27, serão realizadas visitas e atividades no Banco Central, Ministério da Fazenda e Ministério do Trabalho. Os bancários também continuarão espalhados pelo Congresso Nacional, num corpo-a-corpo com deputados e senadores.

Fonte: Contraf

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