22 de Agosto de 2025 às 17:36
Plano de Luta
Defesa do emprego, fim do fechamento de agências e melhorias no plano de saúde. Esses são alguns dos principais pontos da pauta de reivindicações específicas aprovada nesta sexta-feira (22), durante o Encontro Nacional dos Funcionários do Bradesco, com o tema "Futuro justo, sustentável, inclusivo e democrático", que reuniu cerca de 100 delegadas e delegados eleitos de todo o país, no hotel Holiday Inn, em São Paulo. O encontro antecede a 27ª Conferência Nacional dos Bancários, que ocorre a partir da noite desta sexta (22) até domingo (24), em São Paulo.
Representando os bancários do Bradesco da base do SEEBCG-MS, estavam participando dos debates a presidenta Neide Rodrigues e o secretário de finanças, José dos Santos Brito, que é representante da Fetec-CUT Centro-Norte na COE Bradesco.
Na análise de conjuntura logo no início dos debates, a presidenta da Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, destacou que o maior patrimônio do coletivo do Bradesco é a unidade para enfrentar fechamento de agências, demissões e os avanços tecnológicos com a Inteligência Artificial (IA) que ameaça o emprego do bancário.
“Manter o emprego é uma das nossas principais preocupações neste momento diante da reestruturação que o Bradesco vem realizando em todo o Brasil ao mesmo tempo em que há o avanço da IA nas aplicações diárias que ameaçam o trabalho do bancário. Mas, também temos de olhar para as lutas em comum com a sociedade e puxar para nossa responsabilidade a defesa da soberania, da democracia e de mostrar que o movimento sindical é forte ao ponto de eleger representantes que possam barrar o avanço do fascismo e lutar contra a retirada de direitos, pelo fim da jornada 6x1”, disse Juvandia, que também é uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários e vice-presidenta da CUT.
Na mesma mesa, a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, Neiva Ribeiro, também destacou que os bancários devem assumir a responsabilidade de disputar as narrativas e ajudar a formar redes de diálogo para espalhar as boas ações a fim de desmentir as fake news que surgem a todo o momento. “Estamos correndo risco na atual conjuntura que vivemos e o nosso papel e nossa responsabilidade enquanto movimento sindical é conversar com o bancário e a bancária lá no local de trabalho para enfrentar as demandas específicas, mas ao mesmo tempo, dialogar também com a sociedade e tentar traduzir a importância da defesa da soberania, da democracia e mostrar que, sem elas, nossos direitos enquanto sociedade civil não avançam, sem democracia não há negociação com o patrão e nem tem avanços na nossa Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) dos bancários”.
No painel sobre conjuntura do Sistema Financeiro Nacional e perspectivas para o futuro, o professor doutor Moisés Marques afirma que o banco do futuro que se falava há 13 anos já chegou e relembrou que nos anos 1993 havia 30 grandes bancos no país e hoje, apenas dez instituições concentram a maior parte do mercado, mas já não são as únicas protagonistas. Fintechs como PicPay Original e Nubank transformaram a lógica do sistema financeiro, sendo o Nubank a instituição financeira de maior valor de mercado da América Latina, operando com custos muito menores do que os bancos tradicionais e com uma carteira de 123 milhões de clientes.
“O banco do futuro chegou e ganhou força com a inteligência artificial. E ela vem sendo usada pelos bancos com três principais finalidades, que é aumentar produtividade e eficiência, ampliar receitas e negócios, e reforçar conformidade e gestão de risco. Mas, na prática, o cliente segue em último lugar. O foco está em fidelizar consumidores e ampliar a operabilidade, ao mesmo tempo em que crescem dilemas éticos: até onde vale substituir pessoas por tecnologia? Qual o limite da coleta e uso de dados pessoais?”, criticou o professor.
Ele ainda acrescentou que “por trás da promessa de inovação, o banco do futuro chegou, mas não é para todos. Para clientes e trabalhadores, a IA pode significar rebaixamento e homogeneização, colocando todos na mesma condição de vulnerabilidade a disputa, portanto, não é apenas tecnológica ou de mercado: trata-se também de como a sociedade vai lidar com privacidade, emprego e poder em um sistema financeiro cada vez mais concentrado e guiado por algoritmos, e não podemos aceitar sem lutar”, finalizou Moisés.
O economista e técnico da subseção do Dieese na Contraf-CUT, Gustavo Cavarzan, apresentou o Plano Estratégico do Bradesco, reestruturação que o banco colocou em prática após fortes quedas no lucro entre 2019 e 2020 e na rentabilidade de 2021 a 2023.
O plano, iniciado em 2024 e com conclusão prevista para 2028, prevê mudanças graduais a cada trimestre ao longo dos próximos cinco anos. O objetivo é recuperar os resultados e reposicionar a instituição.
Inclusive, o Bradesco fez mudanças estratégicas em sua diretoria, trazendo de fora executivos para ocuparem duas importantes vice-presidências: a de Negócios Digitais e a de Recursos Humanos.
Segundo Cavarzan, ainda faltam, três anos para a conclusão do plano do banco, mas o cenário caminha para que continue como foi traçado já que o banco vem recuperando seus patamares de lucro: o resultado do lucro líquido recorrente foi de R$ 11,9 bilhões, um crescimento de 33,7% em relação ao mesmo período do ano passado no primeiro trimestre de 2024 (de R$ 4,2 bilhões).
“Mesmo com lucro já estamos vendo a perda importante de postos de trabalho, intensificação das rotinas de trabalho com a IA e a melhoria na BIA sendo a primeira IA a ser usada por uma instituição financeira. A sugestão é que se faça um processo rígido de negociação e de fortalecimento da categoria para que lá em 2028, o movimento sindical não encontre um cenário de terra arrasada”, completou.
Para Erica de Oliveira, coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE), esse é um momento importante em que há possibilidade de debater e ouvir as demandas dos bancários do Bradesco em todas as regiões e de definir como traçar as questões que são viáveis de serem levadas a debates a nível nacional. “Foi um dia muito rico de debate e interação com os colegas, os bancários do Bradesco das diversas federações ajudaram muito e foram responsáveis por esse belo encontro. Estamos muito satisfeitos e vamos juntos ampliar esses debates no âmbito da Conferência Nacional, foi um dia muito bacana para todos nós”, finalizou.
Como plano de luta, no final do encontro, os participantes definiram uma grande campanha de mídia que irão discutir e debater nas próximas semanas no âmbito da COE, já no plano de ação, a defesa do emprego, pelo fim do fechamento de agências, melhorias no plano de saúde do Bradesco, valorização dos últimos acordos relacionados à CCV e PPR que terão assembleias nas próximas semanas.
Por: Contraf
Link: https://seebcgms.org.br/banco-bradesco/bancarios-do-bradesco-aprovam-plano-de-acao-em-encontro-nacional/