6 de Outubro de 2011 às 08:20

Bradesco usa força policial para frear greve na Paraíba

O clima de tranqüilidade da greve nacional foi quebrado ontem, dia 5, pelo Bradesco que abusou ao requisitar até força policial para reabrir as agências em João Pessoa. O banco apelou para o artifício do interdito proibitório, esse instrumento jurídico arcaico utilizado para reaver imóveis rurais em questões agrárias.

Uma oficial da Justiça e policiais, inclusive os do GATE (Grupo de Ações Táticas Especiais), não entenderam a requisição da força policial para o cumprimento de uma medida judicial contra o movimento pacífico e ordeiro dos bancários.

Mais uma vez, o Bradesco desrespeitou o contido na Lei nº 7.783/89, mais conhecida como a Lei de Greve, que diz em seu artigo 1º, que "é assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender". E, no artigo 2º, "considera-se legítimo exercício do direito de greve a suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou parcial, de prestação pessoal de serviços ao empregador".

Para o secretário-geral do Sindicato dos Bancários da Paraíba, Marcelo Alves, não restou alternativa aos trabalhadores senão cumprir o mandado judicial, que em seu texto trazia expressa a multa de R$ 10 mil por agência/dia. "Ficamos muito tristes com a forma que a Justiça tem tratado os bancos e os bancários; para os banqueiros, o direito; para os bancários, a força policial. Afinal, estamos no nono dia de uma greve ordeira e pacífica, apenas reivindicando o que nos é devido por direito", arrematou.

Jurandi Pereira, diretor do Jurídico do Sindicato, orientou o comando do movimento a acatar e cumprir a decisão judicial, ao mesmo tempo em que condenou a postura dos advogados do Bradesco e o equívoco cometido pelo Judiciário.

"Entramos com um mandado de segurança e vamos aguardar o seu desfecho para retomarmos a greve no Bradesco, porque o interdito proibitório é um mecanismo usado de forma capciosa para tentar desmobilizar os bancários. Se a Constituição Federal garante o direito de greve, a categoria vai utilizar essa arma legal, com certeza", concluiu.

Greve forte

Mesmo com a abertura das agências do Bradesco na capital, a greve continua muito forte na base do Sindiato, neste nono dia de paralisação, com 87% de adesão na região metropolitana e em torno de 90% no interior. Continuam fechadas 41 agências do Banco do Brasil; 18 da Caixa Econômica Federal; 13 do Santander, 10 do Itaú; 8 do Banco do Nordeste do Brasil; 6 do Bradesco; e 2 do HSBC.

Procon

O Procon Estadual convocou o presidente do Sindicato para uma reunião, na tarde desta sexta-feira (7), para explicar o não cumprimento dos serviços de depósitos nos bancos, por conta da greve da categoria.

Os bancos cobram tarifas exorbitantes, desrespeitam as normas de segurança e a lei das filas e proporcionam um péssimo atendimento à sociedade. Isso ocorre todos os dias do ano, sem receberem nenhuma punição pelo descaso. Já os bancários, que cumpriram todos os trâmites legais para exercerem o seu legítimo direito de greve, estão sendo chamados pelo Procon Estadual para se pronunciarem sobre a falta de envelopes de depósitos nas agências, que é um problema dos bancos.

Para o presidente do Sindicato, Marcos Henriques, ao agir dessa forma o Procon tem sido muito bonzinho com os bancos e muito exigente com os bancários. "Se os bancos utilizassem toda essa energia que concentram para furar a greve e investissem em negociar seriamente, a greve já teria acabado; e, talvez, nem tivesse sido deflagrada. Portanto, os bancários não teriam que prestar nenhum esclarecimento ao Procon por conta da intransigência dos banqueiros", concluiu.


Fonte: Contraf-CUT com Seeb Paraíba

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