22 de Agosto de 2025 às 17:06
Plano de Lutas
Foi realizado nesta sexta, 22, em São Paulo, o segundo e último dia do 35º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (CNFBB). Ao final do dia, delegados e delegadas que representam os trabalhadores do BB aprovaram o plano de lutas para o próximo período.
Estavam representando a base do SEEBCG-MS, os diretores e bancários do BB Luciana Rodrigues e Rubens Jorge Alencar.
“A gente sai daqui com um plano de lutas muito bem definido. Pensando no Banco do Brasil que queremos, que atue como banco público, mas também cuide dos seus funcionários. Queremos que os funcionários tenham tranquilidade para trabalhar, não adoeçam. Temos hoje uma cobrança de metas muito grande. E as pessoas querem ser reconhecidas. Não querem adoecer. Também tiramos um plano de defesa da Previ e da Cassi. E também para os funcionários dos bancos incorporados”, disse Fernanda Lopes, coordenadora da CEBB (Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil).
Entre os eixos do plano de luta aprovado, estão:
1 - Defesa da função pública do Banco do Brasil, essencialmente quanto ao desenvolvimento econômico e social, da agroecologia e da agricultura familiar;
2 - Expansão do PRONAF, volta do DRS (Desenvolvimento Regional Sustentável) e maior apoio à agricultura familiar;
3 - Abertura de agências em municípios desbancarizados;
4 - Novo concurso (cumprindo efetivamente a cota de PCDs);
5 - Fim das terceirizações;
6 - Distribuição de dividendos em proporção que garanta investimentos no setor produtivo, assegurando o desenvolvimento econômico e social do Brasil;
7 - Revisão dos processos de financiamento ao agro, aprofundando o cuidado para garantir a produção sustentável tanto com viés ambiental, como o retorno para a garantia de alimentos para o Brasil;
8 - Ampliação do atendimento à população nas agências com maior movimento em regiões carentes e/ou periféricas;
9 - Ampliação de postos de trabalho, garantindo o atendimento de caixa e preenchimento de claros;
10 - Que o banco se responsabilize para que efetivamente não aconteça desvios éticos para cumprimento de metas;
11 - Fim do assédio moral e metas abusivas;
12 - Previdência: defesa da governança da PREVI e do modelo de gestão paritária pelos funcionários do banco; o papel dos órgãos controladores/reguladores. Planos e aspectos dos perfis de investimentos;
13 - Os funcionários do Banco do Brasil devem seguir na defesa intransigente da Previ, cujo modelo de governança prevê a gestão compartilhada entre a empresa patrocinadora, por sua indicação com a representação dos funcionários, por meio democrático de eleição participativa, o que garante a permanência da robustez da sua governança impedindo interferência externas, seja do mercado ou de governos, com respeito inequívoco aos órgãos controladores e reguladores competentes;
14 - A Previ deve ser para todos, com tratamento isonômico aos egressos de bancos incorporados, com direito à adesão ao plano PREVI Futuro e seus benefícios;
15 - Saúde: modelo de custeio e sustentabilidade do plano de associados da Cassi; Adoecimento e saúde mental;
16 - Os funcionários do Banco do Brasil devem seguir na defesa intransigente da Cassi, objetivando o fortalecimento da caixa de assistência, em modelo de autogestão e patrocínio do empregador;
17 - A forma de custeio não pode se basear tão somente na folha de pagamento, sendo necessária a busca de outras fontes de receitas oriundas do patrocinador. Com as premissas de aumento da contribuição patronal para 70% (setenta por cento), sem aumento na contribuição do associado;
18 - A Cassi é para todos e deve ser garantida a isonomia de tratamento para os egressos dos bancos incorporados e funcionários que ingressaram no Banco após a reforma estatutária de 2018;
19 - É de fundamental importância que o banco informe precisamente os dados do EPS (exame periódico de saúde) e do adoecimento profissional;
20 - Necessário incluir a cirurgia de afirmação de gênero/redesignação sexual no rol de procedimentos da Cassi, custeadas pelo banco, com apoio das instituições no acolhimento de pessoas trans;
21 - Fortalecer e ampliar as CliniCassi e a rede credenciada;
22 - O banco deve, ainda, cumprir de imediato as diretrizes da NR1;
23 - Campanhas: Em Defesa do Banco do Brasil; Menos Metas Mais Saúde; Contra o Assédio Moral; Dias de Luta em todas as datas de negociação sobre a Cassi.
Também foram aprovadas moções sobre a defesa do BB e de sua função pública, sustentável e inclusiva; repúdio aos ataques de Trump contra a soberania nacional; transparência na destinação de verbas parlamentares; contra o genocídio praticado por Israel contra os palestinos; em defesa do deputado Renato Freitas; e contra as ameaças de grupos de extrema-direita a Jones Manoel.
A primeira mesa do 35º CNFBB, com o tema “Análise de Conjuntura e o Papel do Banco do Brasil”, contou com apresentações do sociólogo Jessé Souza e de Rosângela Vieira, economista do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômico).
Ele defendeu que a ideia de que a corrupção é a raiz dos problemas do país, disseminada por intelectuais no passado e mantida pela elite, é uma narrativa envenenada que desvia a atenção da verdadeira questão: o racismo estrutural e a herança da escravidão.
Segundo ele, essa narrativa histórica impede avanços sociais, mantém a desigualdade e justifica a humilhação de parcelas da população. Dentro desse esquema, que impede o desenvolvimento para todas as camadas étnicas e regiões do país, estão o forte domínio das elites sobre os meios de comunicação e as decisões do Banco Central, com uma política monetária. “A Selic (taxa básica de juros do Brasil) é usada também nesse sentido: manter a desigualdade, para deixar o povo pobre”, exemplificou.
Por sua vez, a economista Rosangela Vieira trouxe para a mesa dados macroeconômicos e sobre o resultado semestral do BB, que teve queda de 40,7% em 12 meses.
A economista demonstrou que três fatores criaram uma “tempestade imperfeita”, que impactou negativamente o resultado do BB: Selic alta; aumento expressivo da inadimplência do agro, dos grandes produtores agrícolas; e a Resolução CMN nº 4.966 que, dentre outros pontos, estabeleceu o critério de perdas esperadas, o que - dado o peso da carteira agro (33% da carteira total do BB) e do seu nível de inadimplência superior a 90 dias (4,21% no segundo trimestre) - ampliou o provisionamento no Banco do Brasil (R$ 29 bilhões no primeiro semestre, crescimento de 45% em relação ao mesmo período de 2024).
“O agro derrubou o lucro do BB. Isso mostra como a concentração da carteira nesse setor fragiliza os resultados e, ao mesmo tempo, nos obriga a discutir o papel político e histórico do banco”, destacou Rosângela.
Apesar dos desafios, Rosângela ressaltou o papel essencial do Banco do Brasil no financiamento da agricultura familiar, na inclusão social e no desenvolvimento econômico, defendendo que sua importância estratégica vai além dos resultados financeiros.
Na sequência, foi realizada a mesa sobre a Previ, a caixa de previdência dos funcionários do BB. Participaram João Fukunaga, presidente da Previ; Wagner Nascimento, diretor de Seguridade; Paula Goto, diretora de Planejamento; e Márcio de Souza, diretor de Administração. A mesa foi iniciada com um ato simbólico em defesa da Previ e da sua governança.
Na sua intervenção, Fukunaga fez uma enfática defesa do corpo técnico e da gestão paritária da entidade. “Esse corpo técnico, formado por associados, por colegas do BB, garante todos os nossos investimentos. Ao contrário do que vemos na mídia, é um corpo técnico qualificado, que defende o seu próprio futuro e o nosso futuro. A outra fortaleza, com certeza, é a gestão paritária, com eleitos e indicados pelo banco (...) O nosso modelo de gestão é o que garantiu a perenidade da Previ até hoje."
“O nosso maior tesouro é a nossa governança, a participação dos associados na gestão. Qualquer proposta que venha a colocar em risco essa participação deve ser rechaçada. A regra de o patrocinador indicar diretores com pelo menos 10 anos de associação na Previ e a eleição de diretores pelos associados é o nosso melhor processo seletivo”, reforçou Márcio de Souza.
Por fim, a diretora eleita de Planejamento da Previ, Paula Goto, abordou a importância da união para garantir a bem-sucedida gestão da Previ, incluindo o importante pacto geracional. "Sempre digo que tudo que o funcionário do Banco do Brasil toca vira ouro. Nós temos hoje a categoria mais atuante, o maior sindicato de bancários, a maior autogestão em saúde (com a Cassi) e o maior fundo de pensão (Previ) da América Latina. Ou seja, além de lidar com grandes entidades, é com muita qualidade e muita vigilância que o trabalhador e a trabalhadora do BB atuam”, explicou.
Após a pausa para o almoço, teve início a última mesa de debates do 35º CNFBB, que teve como tema a Cassi e as negociações sobre o seu custeio. Participaram da mesa Alberto Alves Junior, diretor de Planos de Saúde e Relacionamento com Clientes da Cassi; e Fernando Amaral Baptista Filho, diretor de Risco Populacional, Saúde e Rede de Atendimento. Eles destacaram projetos como a saúde baseada em valor, a avaliação de prestadores e a telemedicina, além de acordos com a UNIMED e a Caixa Econômica para expandir a rede de atendimento no interior.
Alberto Junior iniciou sua intervenção falando sobre o adoecimento dos bancários do BB, acarretado pela cobrança abusiva por metas. Para ele, o BB é o grande responsável pelo déficit na Cassi, não só pelo adoecimento dos trabalhadores devido ao modelo de gestão do banco, mas também pela redução da remuneração média, o que impacta nas contribuições para o plano de saúde. “Estamos brigando para que o banco assuma a sua responsabilidade pelo dano que está sendo causado na saúde do associado e também na assistência.”
Por sua vez, Fernando Amaral Baptista Filho pontuou que a Cassi é o item mais importante para os trabalhadores do BB e citou a economia de mais de R$ 3 bilhões nas despesas. “Mesmo diante dos desafios para atender com qualidade todos os participantes, fomos capazes de economizar mais de R$ 3 bilhões entre 2019 e 2024. Porém, ainda precisamos lidar com o equilíbrio, porque a arrecadação do Plano Associado é menor do que o custeio”, declarou.
De acordo com o diretor de Planos de Saúde e Relacionamento com Clientes da Cassi, o principal problema no custeio é a redução da participação do BB ao longo dos anos. "A remuneração tem que ser conforme com o que a gente produz. E a tecnologia tem que se a favor do ser humano. Nesse sentido, é possível melhorar a participação do banco no custeio da Cassi", concluiu.
Por: Contraf e SP Bancários
Link: https://seebcgms.org.br/banco-do-brasil/35o-cnfbb-trabalhadores-do-bb-definem-eixos-de-luta-pela-defesa-do-banco-publico-da-cassi-e-da-previ/