10 de Junho de 2022 às 14:01

Banco do Brasil: igualdade de oportunidades e juventude pautam 33º CNFBB

Campanha 2022

 

A desigualdade de gênero e raça e a juventude entraram na pauta do 33º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (33º CNFBB), nesta sexta-feira 10. O CNFBB é uma das etapas da Campanha Nacional dos Bancários 2022, que irá renovar a Convenção Coletiva de Trabalho e os acordos coletivos de trabalho específicos do Banco do Brasil e demais bancos.

Representando a base do Sindicato dos Bancários de Campo Grande-MS e Região, participaram de forma online os delegados: Orlando de Almeida Filho e Luciana Rodrigues.

Segundo trabalho do Dieese, em parceria com a Contraf-CUT, com base no último Censo de Diversidade, apesar de as mulheres serem a maioria do quadro de trabalhadores no Banco do Brasil, a média de salário dos homens é maior e fica em cerca de R$ 10 mil, enquanto a das mulheres bancárias e negras fica em pouco menos de R$ 6 mil.

“Nós, mulheres, estudamos mais, somos multitarefa e maioria nesta categoria, mesmo assim não estamos, proporcionalmente, representadas nos espaços de comando”, refletiu Neiva Ribeiro, secretária-geral do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo Osasco e Região e vice-presidente da UniAméricas.

Neiva lembrou ainda do impacto da ascensão do bolsonarismo, ampliando os retrocessos tanto no ambiente de trabalho, quanto social. 

A secretária de Mulher da Contraf-CUT, Fernanda Lopes, que coordenou a mesa, também destacou que as denúncias de assédio, racismo e até de xenofobia têm aumentado. “Não há dúvidas de que esse governo deu licença para pessoas preconceituosas não terem vergonha de mostrar a cara e falar o que pensam. Por isso, não podemos deixar de somar forças, sofrer junto, lutar junto, apoiar as vítimas”, ponderou.

A diretora do Sindicato dos Bancários da Paraíba, Magali Pontes, ressaltou a importância de trazer a temática racial e de gênero para dentro do BB, para avançar o quanto for possível nessas questões que vêm sendo negligenciadas desde o golpe de 2016. “O Banco do Brasil, no governo do PT, era signatário do programa de equidade de Gênero e Raça, algo que logo após a ascensão de Temer passou a ser esquecido e deixado para trás”, disse.

Ela também reforçou que as mulheres são maioria no Banco do Brasil. “Somos um pouco mais de 51%, mas em compensação, isso não se reflete nos espaços de cargos de gerência e de comando na instituição. Isso é um retrato nítido da desigualdade de gênero. O percentual cai, ainda mais, quando se trata de mulheres negras.” 

A advogada, mestra em Direito Político e Econômico e bacharel em Direito pela Universidade Mackenzie e diretoria do Instituto Lula, Tamires Sampaio, enfatizou que a violência de gênero, classe e raça está enraizada na nossa cultura e normalizada nas relações, mostrando que, após análise, é possível entender que a discriminação é uma questão que está no centro da sociedade capitalista. “Quando a gente fala da naturalização da violência, ela também acontece em ambiente nossos, sindicais, populares. Temos que combater essas diversas formas de violência, para que, de fato, parem de se repetir.”

Juventude

O encontro sobre juventude: acesso ao trabalho e renda, que finalizou o 33º Congresso dos Funcionários do Banco do Brasil na manhã desta sexta-feira (10), debateu os desafios para jovens terem acesso ao trabalho e à renda.

Pensar na necessidade de política de emprego e renda para a juventude, em cenário tão difícil, em que tantas pessoas passam fome, como é o caso do Brasil, é pensar também que se deve falar sobre qualquer tipo de trabalho. É o que diz a vereadora do Psol, Paula Nunes, quando analisa que é equivocado falar que os jovens do Brasil não trabalham. “Pelo contrário, trabalham muito, desde muito cedo, mas em serviços extremamente precarizados”, disse.

Para Paula, basta perceber quais são as pessoas que mais trabalham em aplicativos de alimentação. “Hoje, o destino da juventude brasileira é estar em cima de uma bicicleta, alugada de um banco privado – veja que não estou falando sequer de moto ou de bicicleta própria – por uma média de 12 horas, sem tempo de descanso e de alimentação. Essa é a realidade do nível de precarização do trabalho da juventude brasileira”. 

No mundo todo, a taxa de desemprego na população jovem é maior, alcançando dois dígitos, considerando as demais faixas etárias. O Brasil tem a quarta maior taxa de desemprego no grupo de 16 a 24 anos, de 31%. “É preciso olhar os dados à luz do contexto político. Somente assim é possível desenvolver políticas públicas assertivas para os jovens”, ponderou Lucimara Malaquias, presidenta da UNI Américas Juventude.

Ela destacou que, no Brasil, dois grandes grupos de jovens se destacam: “O periférico, que se vê obrigado a trabalhar no Ifood, Uber, ocupações precarizadas. Esse é um grupo sem acesso à cultura, capacitação. E o outro grande grupo é o do altamente capacitado que, no ambiente bancário entra preparado, com salário acima do que ganha 80% da classe trabalhadora em todo o país e que traz com ele a cultura da meritocracia. Para ele, a PLR, por exemplo, é vista como mérito, sem com a luta do movimento sindical”, explicou Lucimara.

Ocorre que esse jovem que entra no mercado de trabalho mais preparado está sendo empurrado para a pejotização. O caso mais recente e emblemático dessa manipulação é do Santander, que está incentivando a contratação de trabalhadores fora da carteira de trabalho, chamando-os de “sócios”, com salários irrisórios em comparação ao lucro do banco.

“O movimento sindical precisa de mudanças drásticas para conseguirmos se aproximar desses jovens que consideram o movimento sindical ultrapassado, porque não se sentem representados, porque eles compraram o discurso do banco de que não precisam do movimento sindical e de que eles podem ficar ricos”, prosseguiu Lucimara.

Cristiana Paiva, professora, jovem agricultora familiar e secretária de Juventude da CUT Nacional, falou sobre a importância de os sindicatos valorizarem e garantirem espaços para os jovens que estão na luta. “Jamais o jovem é cogitado para assumir uma presidência, uma secretaria geral ou algo do tipo. Sempre há a narrativa de que não temos experiências, mesmo que sejamos capazes. São poucos espaços ocupados por jovens, apesar de ser histórica a participação da juventude nos processos de mudança e na luta por direitos no Brasil”, pontuou.

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Por: Contraf-CUT

 

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