4 de Maio de 2009 às 09:27
O Estado de São Paulo
Sergio Gobetti, Adriana Fernandes e Fernando Nakagawa, BRASÍLIA
No Banco do Brasil, as mudanças mais expressivas começaram no ano passado. Para tirar o atraso, o BB iniciou um amplo plano de incorporação de bancos com o apoio incondicional do Palácio do Planalto.
As jogadas mais importantes foram a compra da Nossa Caixa por R$ 5,4 bilhões e de 50% do Banco Votorantim, por R$ 4,2 bilhões. O banco paulista permitiu ao BB crescer no maior mercado brasileiro e o Votorantim garantiu importante fatia no financiamento para a compra de veículos.
Com a nova diretoria alinhada ao Planalto, o banco se lançou em novas áreas, inclusive no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, que tem gestão operacional da Caixa.
Ainda em andamento, as mutações sofridas no DNA dos negócios da Caixa e do BB - com ações negociadas em bolsa de valores - criaram dúvidas sobre a capacidade de os dois bancos expandirem o crédito com juros mais baixos do que o mercado, como determinou o presidente Lula, sem afetar o risco e o lucro. Há o temor de que a estratégia de forçar a queda dos juros a todo custo não dê certo e de que os dois bancos precisem mais à frente de novas capitalizações do Tesouro.
"Isso já aconteceu antes. Os dois bancos saíram, por ordem do governo, oferecendo empréstimos no mercado sem muito critério e tiveram um surto de inadimplência", lembra o professor de finanças da USP Roy Martelanc.
FALHAS
No passado recente, a própria Caixa amargou uma estratégia mal desenhada. Em 2007, estava determinada a atrair micro e pequenas empresas para se tornar referência no segmento. A ação do banco foi forte e a instituição conseguiu roubar muitos clientes da concorrência privada com a ampliação dos limites de crédito, juros menores e novos produtos. Meses depois, no fim daquele ano, o banco teve de rever os planos.
O banco não divulgou a inadimplência do segmento, mas o balanço mostrava que foi preciso destinar mais de meio bilhão de reais para a provisão de créditos com pagamento duvidoso, valor mais de 200% maior que o visto um ano antes. Resultado: o lucro daquele trimestre caiu 89,4% na comparação com igual período de 2006.
Na estratégia do governo de uso dos bancos públicos, a Caixa assumiu novas funções com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Minha Casa, Minha Vida. Isso colocou na linha de frente a presidente do banco, Maria Fernanda Coelho, de modo que, caso os programas não caminhem no ritmo desejado pelo Planalto, corre o risco de ser rifada.
Para o diretor administrativo da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa, Jair Pedro Ferreira, o banco vai precisar contratar no mínimo mais 25 mil funcionários para atender à demanda.
Fonte: O Estado de São Paulo
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