16 de Dezembro de 2024 às 09:31
Banco do Brasil
O projeto Inova Varejo, implantado como piloto no Espírito Santo em junho deste ano, continua gerando transtornos para os funcionários e funcionárias do Banco do Brasil. Nesta terça-feira (10), os bancários ficaram sabendo que os números da produção do trimestre anterior foram simplesmente zerados. “Não temos mais a referência para saber do nosso realizado. Eu, por exemplo, tinha a expectativa de receber a PLR integral. Com o zeramento da produção, hoje não estou recebendo nem 75% da PLR”, disse um bancário sob anonimato. Um outro desabafou: “Deixaram a gente sem saber qual a nossa pontuação real até agora. Em dezembro eles zeram. Só hoje [10] ficamos sabendo que não entregamos em outubro e novembro”.
Para a dirigente do Sindicato dos Bancários/ES Bethania Emerick, a reestruturação imposta pelo Inova deixa patente o descaso do BB com seus funcionários. “O Inova criou um clima de incerteza, de insegurança. Os funcionários se sentem mais vulneráveis ao anúncio de uma nova mudança. O processo tem sido feito de forma açodada, sempre sem considerar os impactos das mudanças para os funcionários. O modus operandi do Inova mostra que o banco não respeita seus funcionários”, afirma Bethania.
A também dirigente do Sindicato Goretti Barone completa: “A expectativa do BB é replicar o Inova para o restante do país a partir da experiência no Espírito Santo. Imaginem! O que temos visto até agora são problemas recorrentes que têm afetado diretamente as funcionárias e os funcionários do BB. O funcionário do BB, em nenhum momento, tem sido prioridade para o Inova. Muito pelo contrário, os funcionários estão pagando a conta dos desacertos do programa”, critica Goretti.
O chamado encarteiramento dos clientes, segundo Bethania, é um dos problemas gerados pelo Inova. O Inova alterou o critério de encarteiramento dos clientes das agências especializadas Pessoa Física e das agências varejo. Como exemplo, nas agências Estilo.
“Clientes que já mantinham relacionamento com seus gerentes foram simplesmente retirados das carteiras. Esses clientes foram substituídos por outros que não possuíam relacionamento com os gerentes na mesma proporção. Na prática, essa mudança gerou queda nas vendas. Ora, para ter um preço mais elevado que o da concorrência local, como Banestes e Sicoob, por exemplo, é preciso ter um relacionamento mais sólido com o cliente. Sem essa relação de fidelização e confiança, dificilmente o cliente aceitaria pagar a mais por um produto no BB. Isso, consequentemente, acaba provocando queda nas vendas”, explica a dirigente.
Goretti diz que, nesse caso do encarteiramento, o Inova não respeitou o tempo necessário para promover essa mudança nas carteiras e sequer consultou os clientes sobre o interesse deles de aceitarem ou não o novo encarteiramento . Ela acrescenta que, além disso, houve um erro na seleção do perfil do cliente, que passou a compor as carteiras Estilo sob o Inova. “Foi considerado como critério apenas a margem de contribuição. Esse único critério gerou uma distorção: diversos clientes migrados estavam bastante endividados. Isso impediu a contratação de novos produtos e serviços do banco, inclusive crédito”, aponta Goretti.
As dirigentes citaram apenas esse exemplo do encarteiramento para ilustrar um dos problemas causados pelo Inova. Mas, segundo elas, há um combo de problemas causados pelo Inova. “Podemos considerar uma combinação de fatores: orçamento exagerado, encarteiramento de clientes sem critérios definidos, falhas no acompanhamento de conexão e dificuldade de contato com os clientes a partir do aplicativo CRM 360”, lista Bethania. Goretti completa: “São apenas alguns exemplos que apontam que o Inova precisa ser reformulado urgentemente. Nessa reformulação, no entanto, é fundamental que o BB considerasse os impactos do Inova sobre os funcionários e sobre o banco como instituição pública”, sublinha Goretti.
Por: Sindicato dos Bancários - Espírito Santo
Link: https://seebcgms.org.br/banco-do-brasil/inova-funcionarios-se-sentem-vulneraveis-e-desrespeitados-pelo-bb/