19 de Setembro de 2008 às 10:36

Previ perdeu R$ 15 bi com a crise desde maio

Fundo de pensão não conseguirá alcançar metas atuariais e cumprir cronograma de desinvestimento para se enquadrar às regras do CMN

A crise financeira global já fez o patrimônio da Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil) encolher cerca de R$ 15 bilhões desde maio. Ontem, o diretor de investimento da entidade, Fábio Mozer, admitiu que não há como escapar de “uma crise desse tamanho”. “Nós perdemos. Todos estão perdendo. Mas não estamos realizando essas perdas. Quando a bolsa voltar a subir, nós também vamos nos recuperar”, amenizou.
 
No entanto, só um “milagre” na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), diz Mozer, pode levar os fundos de pensão a conseguirem bater suas metas atuariais este ano. “Como a inflação subiu temos que ter uma rentabilidade ainda maior do que antes”, disse. O diretor explica que a meta é fixada com base na variação do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) mais 5,75% ao ano. Entre janeiro e junho, a Previ só tinha conseguido atingir um porcentual de 1,62%, contra uma meta que era de 7%. Os ganhos obtidos pelo fundo nos segmentos de renda fixa, imobiliário e de outras operações não são suficientes para compensar a queda forte das aplicações em bolsa.
 
Este ano, a venda de ações no mercado somou R$ 1,5 bilhão, bem abaixo dos R$ 5,5 bilhões registrados ao longo de todo o ano passado. A estratégia adotada pelo fundo nesse cenário incerto é ficar fora do dia-a-dia da Bovespa. “Não vamos nos preocupar muito porque o preço das ações é que caiu, mas as empresas estão muito bem. Os fundamentos estão bem”.
 
Além disso, segundo ele, a turbulência torna impossível que o fundo consiga cumprir este ano o cronograma de desinvestimento para que se enquadre às normas do Conselho Monetário Nacional (CMN), que estabelecem uma redução da fatia em renda variável para 50% até 2012.
 
Para tentar minimizar o problema do desenquadramento, a Previ decidiu focar na venda de algumas participações acionárias, como o caso da Paranapanema e do complexo turístico Costa do Sauípe. A expectativa de Mozer é que até o fim do ano a venda dos dois ativos esteja concluída. “Tiramos o pé das vendas ao mercado e estamos focando na venda das participações” que, segundo ele, possibilitam negociar melhor o preço dos ativos.
 
O diretor explica ainda que o fato de a fundação ter freado o ritmo de venda de ações em bolsa não atrapalha os desembolsos programados para 2008, que somam R$ 6 bilhões. Os recursos virão das receitas obtidas nos segmentos de renda fixa, imobiliário ou do caixa gerado pelas operações de empréstimos aos participantes do plano de pensão.
 
Mas ele pondera que o cenário brasileiro é diferente do americano, onde os bancos e as companhias têm problemas reais. A Previ tem 65% de seu patrimônio - que totaliza R$ 125 bilhões - aplicado em renda variável. Em maio, o patrimônio atingiu a marca histórica de R$ 140 bilhões.
 

Mônica Ciarelli, de O Estado de S.Paulo
 

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