2 de Março de 2009 às 09:43

Revolta toma conta da área comercial do HSBC

“Teve gerente chorando ontem quando abriu o holerite.” “A sensação é de que fomos enganados, feitos de palhaço.” Essas frases, de bancários do HSBC, refletem o sentimento que impera na área comercial do banco nesta sexta-feira, dia 27. Sem ter avisado previamente os gerentes, o banco descontou do pagamento da PLR, realizado nesta sexta, os valores já pagos durante 2008 a título de PSV (antigo PTI). “Isso nunca havia acontecido antes, a gente sempre recebeu os valores do programa de remuneração todo mês quando ultrapassava as metas e, depois, a PLR inteira”, afirma uma gerente do HSBC que não será identificada.

Ela explica que, por não saberem que o banco ia efetuar o desconto, muitos bancários já haviam comprometido os valores que esperavam receber agora. “O pessoal já tinha se endividado. Eu, por exemplo, estava esperando receber no mínimo R$ 6 mil, e recebi só R$ 1,7 mil. Sei de gente que calculava que ia receber mais de R$ 8 mil e ganhou R$ 900. Ficou todo mundo desesperado e muito revoltado. Foi uma correria danada para sustar cheques”, afirmou a gerente. Ela explica que a emissão de cheques sem fundo resulta em demissão no banco.

Incentivo? – Outra gerente ouvida pela reportagem compara sua situação com a de um colega de agência. “Eu fui ‘ouro’ [superou as metas] por vários meses seguidos, trabalhando muito, me matando para vender, enquanto um colega aqui da agência teve desempenho bem mais fraco ficando quase sempre abaixo da meta. Acontece que hoje ele está recebendo R$ 4 mil e eu R$ 600, porque ele não recebeu quase nada de PTI e eu recebi em muitos meses do ano passado. O banco diz que o PTI é um prêmio pelo desempenho, mas será que é isso que eles chamam de incentivo?”, questiona. A bancária lembra ainda que a sensação na verdade é de estar recebendo menos que o colega, porque apesar do valor ser o mesmo quando somados todos os depósitos realizados durante o ano passado, os valores por ela recebidos se perderam nas despesas do dia-a-dia. “De que serve ser ouro, receber palmas e medalhas, se na hora de receber o dinheiro é essa baixaria?”

Banco – Quando questionado sobre as razões para o desconto, o RH do banco está maliciosamente empurrando a responsabilidade para o Sindicato, afirmando que o desconto foi acertado na Convenção Coletiva. “Trata-se de má fé de quem diz isso”, afirma Sérgio Siqueira, diretor da Contraf-CUT e bancário do HSBC. “Há muitos anos que a convenção prevê que o banco ‘pode’ descontar programas próprios, não que ‘deve’ descontar. Mas a maior parte dos bancos não faz isso e, quando acontece, o desconto não é realizado sem que o bancário tenha conhecimento do fato. O próprio HSBC sempre soube dessa possibilidade e nunca realizou o desconto”, diz o sindicalista, que reforça que os dirigentes sindicais não assinaram os programas próprios do HSBC por discordar dos critérios. “Eles não têm nosso aval”, destaca.

“No RH estão dizendo que o desconto é normativo e realmente ele está lá nas normas, mas numa notinha de rodapé da sexta página, num lugar que ninguém vai ler, ainda mais na correria que a gente vive aqui com falta de funcionários”, afirma outra gerente de uma agência na cidade de São Paulo que terá sua identidade preservada.

Para regionais, só alegria – “O pior é que, enquanto a gente passa por essa situação, sabemos que os regionais estão recebendo no mínimo R$ 50 mil de bônus”, diz a gerente. Sérgio Siqueira lembra que os regionais, em muitos casos, “cobram as metas de forma agressiva, humilhando, pressionando e assediando moralmente”.

Danilo Pretti Di Giorgi - 27/02/2009

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