27 de Julho de 2007 às 11:12

Superbancário do HSBC é demitido após simples queda de energia

<B>Apesar de sempre ter avaliações acima da média, bancário perdeu o emprego após 18 anos de dedicação</B>

São Paulo – Entre 2002 e 2005 um trabalhador do HSBC sempre foi avaliado pelo banco como um dos seus mais competentes e produtivos funcionários. Entretanto, nada disso valeu após uma simples queda de energia no Tower. Ele, sem maiores explicações, foi demitido depois de 18 anos de dedicação total à instituição.

No dia 29 de outubro de 2006, por volta das 11h da manhã, o Tower teve uma súbita queda de energia. Uma hora e meia depois ela retornou, sem danos significativos para o prédio. Mas para o bancário, casado e pai de uma filha de cinco anos, significou a demissão sumária.

De nada adiantou ele argumentar que os sistemas de segurança contra queda de energia, um gerador e um banco de baterias, não funcionaram. Aliás, não deu nem tempo de tentar se defender. Em três minutos de conversa, acabou sua história no banco.

“Eu havia mandado um relatório para o banco no início do ano dizendo que os geradores e o banco de bateria precisavam de manutenção”, revela. Mas seu pedido foi ignorado, talvez pelo orçamento, cerca de R$ 4 milhões. O tempo mostrou que ele tinha razão, pois, no último dia 20 de junho, o prédio voltou a sofrer a mesma queda de energia.

Sangue – O agora ex-funcionário era daqueles que “dava o sangue” pela empresa. Tinha o hábito, por exemplo, de acordar no meio da noite, deixar a família dormindo em casa para circular pelos prédios da empresa a fim de ver se tudo estava em ordem. Por vezes, sonhava com alguma coisa importante relacionada ao trabalho e acordava para anotar e pensar como fazer aquilo funcionar na manhã seguinte.

“É duro quando você se dedica, faz as coisas com amor, e o ‘cara’ te manda embora do nada, sem maiores explicações. O que é isso? Ditadura? Nazismo?”, diz ainda sem entender direito o que aconteceu. “Fiquei e ainda fico sonhando com isso”, acrescenta.

A dedicação foi, em um primeiro momento, reconhecida pelo banco. Em 2002 recebeu o conceito “superperfomance”, o maior possível. A partir do ano seguinte a forma de avaliação mudou para uma numeração (decrescente, de 1 a 5). Entre 2003 e 2005, teve dois “2” e um “1”, as melhores notas.

“Para um banco que faz de tudo para entrar na lista (publicada anualmente pela revista Exame) das 150 melhores empresas do Brasil para trabalhar, esse não é o caminho correto. A primeira coisa seria valorizar um funcionário desse”, diz Nelson Nascimento, diretor do Sindicato. “A gente está sempre mostrando para o banco o que fazer, como valorizar o funcionário, mas parece que eles não nos ouvem”, completa.

Atualmente ele está afastado pelo INSS por conta de um problema na coluna que teve e ignorou para não se distanciar do trabalho. O problema apareceu no exame demissional e impediu a homologação. O afastamento vence em janeiro de 2008, quando, teoricamente, ele teria que voltar ao trabalho no HSBC. Mas, na prática, não é isso o que ele espera. “Já fui demitido, não tenho esperanças.” O Sindicato vai acompanhar de perto a situação do bancário.

André Rossi - 26/07/2007
SEEB-SP

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