29 de Janeiro de 2019 às 08:32
Reestruturação
Reginaldo de Oliveira/Martins e Santos Comunicação
A fim de reduzir custos com pessoal, o Itaú está passando por um processo de reestruturação executado simultaneamente à incorporação do Citibank que está resultando em muitos problemas e adoecimentos entre os bancários da maior instituição privada do país que lucrou R$ 24,8 bilhões apenas em 2017, o maior da história, e 12% a mais do que no ano anterior.
Áreas vinculadas a processos estão sendo terceirizadas. Com essa medida, muitos desses trabalhadores que foram contratados como terceirizados não têm pleno domínio das funções, o que está gerando sobrecarga nos trabalhadores bancários.
Em diversas áreas, muitos empregados com deficiência foram demitidos, e o banco não recontratou para a mesma função trabalhadores com deficiência, como exige a lei.
“Com o fim do Ministério do Trabalho, a fiscalização foi afrouxada e parece que o banco está se aproveitando dessa falta de controle”, avalia Júlio César Silva Santos, dirigente sindical de São Paulo e bancário do Itaú.
Nas áreas de tecnologia, o banco efetuou a contratação massiva de prestadores de serviço como pessoas jurídicas, que na sua grande maioria não possuem as mesmas conquistas da categoria bancária.
“Nos atendimentos com bancários, nas regionais e na sede do Sindicato, nós estamos constatando que essas mudanças promovidas pelo banco, consecutivamente à pressão desmedida pelo cumprimento de metas abusivas e às ameaças de demissões, estão causando muitos adoecimentos psíquicos e fisiológicos”, afirma Júlio César.
Dados obtidos no INSS pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região revelam que de 2009 a 2017 a quantidade de trabalhadores de bancos afastados por transtornos mentais cresceu 61,5% e o total de afastados aumentou 30%.
Os trabalhadores que adoecem e se afastam do trabalho têm de cumprir jornada reduzida. Muitos deles estão enfrentando problemas, principalmente com os seus gestores, que muitas vezes acabam por deixa-los sem função e ignorados. Segundo Júlio, contribui para esse cenário o programa de retorno ao trabalho do Itaú, que não tem regras claras.
“Muitos gestores não tem habilidade para lidar com o trabalhador que passa por um processo de readaptação, seja fisiológico ou emocional, o que acaba gerando ainda mais transtornos para a readaptação”, afirma Júlio.
Além disso, e resultado do governo Bolsonaro, muitos trabalhadores aposentados ou com auxílio acidentário estão perdendo o benefício do INSS. “Alguns ficaram afastados das funções por 20 anos, e demora para o banco conseguir adequar esses trabalhadores nas áreas”, acrescenta o dirigente.
Com o processo de diminuição do quadro de funcionários por meio da automação, terceirização e pejotização de áreas inteiras, os bancários têm de se virar para procurar vaga em outro setor, nos processos seletivos internos, em um prazo máximo de 45 dias. Do contrário, serão demitidos.
“Os bancários se transformam em verdadeiros andarilhos implorando aos gestores para que concedam uma vaga. E se não conseguirem, é demissão. Se o banco tem um RH com a função de controlar as vagas, como o banco joga para o trabalhador a responsabilidade de procurar uma função? Isso está resultando no adoecimento massivo dos trabalhadores. Como maior banco privado do país, o Itaú acaba dando o tom para os outros bancos, o que gera ainda mais preocupação”, afirma Júlio César.
Fonte: SEEB/São Paulo
Link: https://seebcgms.org.br/banco-itau/violencia-organizacional-no-itau-afeta-bancarios/