5 de Junho de 2013 às 07:30

Encontro Nacional reforça unidade e mobilização contra ataques do Santander

ENCONTRO

Contraf-CUT

Evento discute problemas dos trabalhadores do banco espanhol

A importância da unidade de ação na luta em defesa dos direitos dos bancários e contra as práticas antissindicais do banco espanhol foram enfatizadas na manhã de ontem (4), durante a mesa de abertura do Encontro Nacional dos Dirigentes Sindicais do Santander, promovido pela Contraf-CUT, no San Raphael Hotel, em São Paulo. O evento conta com mais de 130 participantes e continua nesta quarta (5) durante todo o dia.

O secretário de imprensa da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr, que representou a entidade diante da viagem do presidente Carlos Cordeiro para a Costa Rica, salientou a necessidade de fortalecer a organização dos bancários para intensificar as lutas específicas. Ele lembrou a realização dos recentes encontros nacionais dos dirigentes sindicais do Bradesco, Itaú e HSBC, bem como dos congressos dos trabalhadores de bancos públicos, como Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.

"Precisamos reforçar a luta por emprego, remuneração, saúde e condições de trabalho, previdência complementar e plano de saúde, que são hoje os grandes temas que preocupam os funcionários do Santander, bem como pressionar o banco pelo fim das ações judiciais movidas pelo banco contra entidades sindicais", apontou Ademir.

"A unidade nacional é fundamental para aumentar a mobilização em todo país, a fim de acabar com a enrolação do Santander nas negociações e resolver os problemas dos funcionários e aposentados do banco com conquistas e avanços concretos", conclamou.

Minuto de silêncio

O diretor da Contraf-CUT pediu e todos fizeram um minuto de silêncio em memória do colega Antônio Ricardo Terra Fabrício, de 49 anos, que era gerente geral da agência Santa Rosa, no interior do Rio Grande do Sul. Ele morreu na madrugada do último dia 14 de maio, após ter sofrido um infarto do miocárdio em sua residência. Tinha 28 anos de banco.

Conforme o Sindicato dos Bancários de Santa Rosa, ele estava muito estressado, diante da pressão que sofria no trabalho por conta das cobranças que recebia para atingimento das metas do banco. "Esperamos que o banco trate com respeito e dignidade os que têm sido os principais responsáveis pelos lucros bilionários que vem obtendo no Brasil", frisou Ademir.

Responsabilidade social

A presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira, criticou o corte de custos na folha de pagamento, cobrou responsabilidade social dos bancos e propôs distribuição de renda. "Os bancos brasileiros estão sólidos, mas eles têm que reduzir a margem de lucro por que a sociedade também tem que ganhar", ressaltou.

Juvandia destacou a importância da organização dos funcionários do Banespa, adquirido pelo Santander, e da unidade nacional dos bancários, que tem sido fundamental para conquistar aumento real.

O presidente da Fetec-CUT/SP, Luiz Cesar de Freitas, o Alemão, alertou para a necessidade de discutir o projeto de lei (PL) 4330, do deputado Sandro Mabel, que tramita na Câmara Federal e escancara a terceirização. Segundo ele, "há possibilidade de retrocesso, se não atuarmos com seriedade, determinação e unidade para evitar a aprovação desse projeto, que precariza ainda mais as condições de trabalho não somente da categoria bancária, mas de toda classe trabalhadora".

O presidente da Afubesp, Camilo Fernandes, reforçou também a unidade de ação para a defesa dos direitos dos bancários. A mesa de abertura foi presidida pela coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander, Maria Rosani, que enfatizou a importância do Encontro Nacional para a luta dos trabalhadores.

Apresentações, palestras e debates

A economista do Dieese na Subseção da Contraf-CUT, Vivian Rodrigues, fez uma apresentação sobre o balanço do primeiro trimestre deste ano do Santander, destacando o lucro de R$ 1,5 bilhão, a rentabilidade de 12%, o crescimento das provisões para devedores duvidosos (PDD), a elevação das receitas de tarifas e o corte de 508 empregos, dentre outros dados.

Ela também mostrou o enxugamento do quadro de funcionários, agravado pelas demissões em massa em dezembro de 2012, e revelou o aumento de 38% na previsão para a remuneração milionária dos altos executivos em 2013.

O professor Moisés Marques fez uma análise da conjuntura nacional e internacional, alertando para o processo de inclusão financeira sem inclusão bancária. Ele fez algumas projeções para o futuro dos bancos e da categoria, sobretudo diante do uso do celular nas transações bancárias.

Moisés chamou a atenção para a migração da agência para o banco digital como canal de relacionamento com o cliente, apontando que o movimento sindical precisa também discutir novas formas de mobilização para enfrentar essa realidade.

A médica Maria Maeno tratou dos problemas de saúde e condições de trabalho. Ela apontou para a gestão do medo, das ameaças de demissões, de desmoralização profissional ou de isolamento e discriminação, criticando a autoaceleração e a submissão dos indivíduos às metas e à intensificação do trabalho.

Ela reclamou da sobrecarga, da desvalorização do trabalhador e da gestão adoecedora, dizendo que "a vida e a saúde têm sido muito sacrificadas pelos bancos". Maeno defendeu qualidade de vida e alertou que é preciso discutir o modelo pericial e a reabilitação profissional.

O gerente geral da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Francisco Teles, abordou a lei nº 9656/98 e as recentes normas regulamentadores que tratam dos planos de saúde. As mudanças afetaram a assistência à saúde de ex-empregados demitidos e aposentados. "Só quem se beneficiou foram os contratantes de planos de saúde", apontou.

A presidente da Anapar, Cláudia Ricaldone, mostrou como anda a previdência complementar, apontando os principais desafios dos participantes de fundos de pensão. Ele pediu que todos se filiem à entidade, através do site, lembrando que a anuidade custa apenas R$ 30.

O secretário-geral da Afubesp, Walter Oliveira, enfatizou que hoje existem 24 planos de previdência no Santander. "O maior é o SantanderPrevi, com 44 mil participantes, mas é virtual, diante da falta de eleições democráticas". Ele analisou os problemas do Banesprev, como o não aporte pelo banco do serviço passado no Plano II.

A diretora do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Eleonora Costa, apresentou a realidade do Bandeprev, cujos participantes são oriundos do Bandepe, adquirido pelo ABN Real e depois vendido ao Santander. O fundo de pensão possui paridade nos conselhos fiscal e deliberativo, além de um diretor eleito. Nova eleição ocorre no próximo dia 4 de julho.

Reivindicações específicas

O Encontro Nacional será retomado na manhã desta quarta, às 9h, com uma apresentação sobre o papel das COEs pelo secretário de Organização do Ramo Financeiro da Contraf-CUT, Miguel Pereira. Depois, haverá exposição das resoluções dos encontros estaduais ou regionais preparatórios sobre emprego, remuneração, saúde e condições de trabalho, previdência complementar e plano de saúde.

Em seguida, os dirigentes sindicais se reunirão em grupos temáticos para aprofundar as propostas e, à tarde, será realizada uma plenária para deliberações com a aprovação da pauta específica de reivindicações dos funcionários do Santander para negociação com o banco.

Fonte: Contraf-CUT

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