4 de Julho de 2017 às 10:49

Para não arcar com salário de bancários doentes, banco os considera aptos para trabalho

Santander

“O que a gente pode fazer por você hoje?” O comovente slogan do Santander não é colocado em prática pelo banco. O Sindicato de São Paulo recebe semanalmente diversos casos de bancários que tiveram sua saúde destruída de tanto trabalhar na instituição. Doenças laborais que a empresa, por meio do médico do trabalho, não reconhece para não arcar com o salário durante o período de afastamento.  

Oriunda do Banespa, a bancária Rose Mary Freitas desenvolveu uma série de lesões causadas por esforço repetitivo na coluna e no joelho ao longo de 25 anos de trabalho. Todas comprovadas por laudos médicos de diferentes especialistas. Também sofreu um acidente vascular cerebral e tem problemas respiratórios que a obrigam a depender permanentemente de um cilindro de oxigênio para conseguir respirar.

Por causa das revisões nas perícias do INSS – uma das primeiras medidas adotadas pelo governo Temer –, ela perdeu o benefício e teve de passar por um exame de retorno com uma médica contratada pelo banco.   

“A médica da empresa disse que eu tenho todas as características de lesão por esforço repetitivo, mas que ia acatar o que o INSS determinou”, conta Rose Mary. “É desumano, porque ela não acatou os atestados dos meus médicos. Eu pego três conduções pra chegar ao serviço. Como eu vou trabalhar carregando cilindro de oxigênio que pesa 10 quilos e que só dura quatro horas? Quatro horas é só o tempo que eu demoro pra chegar ao trabalho.”

Ela continua afastada. Como o INSS negou seu benefício, está sem receber. A Convenção Coletiva de Trabalho dos bancários determina que o salário seja pago pelo banco quando o funcionário for considerado inapto no exame de retorno. Essa cláusula foi incluída para evitar que os afastados fiquem sem receber nem do banco e nem do INSS.

“Acontece que os médicos contratados pelo Santander passaram a considerar aptos para o trabalho inclusive os bancários sem condições de reassumir suas funções porque o banco não quer arcar com o salário durante o período de afastamento”, denuncia a dirigente sindical Vera Marchioni.

Casos como os descritos acima são recorrentes. Muitas vezes, o Santander ainda demite o funcionário que teve sua saúde destruída trabalhando para o banco que lucrou R$ 7,3 bilhões em 2016, resultado 10,8% maior que em 2015.

“É importante que os bancários denunciem para que possamos tomar as providências necessárias, seja pela via negocial, seja por meios judiciais, para que o trabalhador possa ter seus direitos respeitados”, orienta o dirigente sindical Ramilton Marcolino.

Fonte: SEEB/São Paulo

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