22 de Janeiro de 2009 às 18:05
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“Todos somos responsáveis pela atratividade de nossas marcas Santander e Banco Real. O Santander e o Banco Real agora fazem parte de uma única organização: nosso objetivo é construir o melhor e mais eficiente banco do país em benefício de nossos clientes, funcionários, fornecedores, acionistas e de toda a sociedade aumentando a atratividade e o valor de nossas marcas. Unidos somos mais forte”. Essas palavras estão em um comunicado assinado pelo Grupo Santander Brasil, que circula entre os funcionários da empresa.
Em reportagem, também sobre a atratividade, publicada na Revista Idéias de dezembro, veículo institucional do banco, mais um comentário que contradiz a realidade: “para garantir o sucesso desse trabalho é preciso contar com o empenho diário do nosso bem maior, os funcionários”.
Na manhã de terça-feira, dia 20, nenhum pensamento sobre união que justificasse os “conceitos” do banco podia ser percebido na expressão dos funcionários que passaram pelo departamento de homologação do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região (Seeb SP). Trabalhadores que fazem parte da lista de cerca de 400 demitidos na semana passada.
Um deles, funcionário do Real há oito anos, alimenta o coro do Sindicato de São Paulo e a luta dos últimos meses: “Com certeza o Grupo Santander tinha como realocar pelo menos grande parte desses trabalhadores demitidos. São pessoas que tinham em vista uma carreira dentro do banco”, diz o bancário que preferiu não se identificar. “Conheço casos de marido e mulher que perderam o emprego. Minha mulher trabalha, mas tenho dois filhos, é uma renda a menos. O banco não quer nem saber disso”, completa o ex-funcionário, quando perguntado sobre a responsabilidade social pregada pelo banco.
Assim como o bancário do Real, uma bancária demitida pelo Santander relatou que o clima no centro administrativo em que trabalhava também é tenso. “A situação é insuportável, preocupante e muito angustiante. O banco não está nem aí. Esse comunicado só mostra que eles querem lucros, independente se todos vão trabalhar calados, sem nem mesmo olhar para os lados, com medo que saia uma próxima lista de demitidos”, relata.
A ex-funcionária diz que a cultura agressiva do Santander se agrava com as demissões. “A imagem do banco vai piorar, os clientes vão sofrer mais do que já sofriam nas agências, em filas enormes e com a demora no atendimento. Os funcionários vão ser mais assediados e quem trabalhava no Real terá que agüentar agora o desconforto de presenciar cenas de verdadeiro desrespeito e falta de humanidade da gestão do banco. A situação está tensa e o banco fala que ‘unidos somos mais fortes’?”, protesta a trabalhadora no momento em que é chamada para assinar sua homologação.
Gisele Coutinho, do Seeb/SP