6 de Julho de 2018 às 08:27

Santander demite mais uma bancária doente

Demissão

Não é nenhuma novidade a prática do Santander de demitir funcionários doentes que perderam a saúde justamente devido às condições de trabalhado massacrantes no banco. Essas demissões são executadas de formas consideradas cruéis e injustas pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, o que leva a entidade a denuncia-las por meio de protestos e a intervir junto ao RH da empresa a fim de tentar revertê-las. 

A bancária Renata (nome fictício), de São Paulo, foi mais uma pessoa que ficou doente trabalhando no Santander e, após perder a saúde, também acabou demitida. 

“Eu moro na zona leste e trabalhava no Casa, entrava no trabalho as 7h e saia as 21h, enquanto eu tinha validade para o banco, eles me mantiveram no emprego. Mas depois que eu fiquei doente, fui descartada”, desabafa Renata. 

Governo Temer respalda demissão imoral

Após desenvolver doenças psíquicas devido ao assédio moral praticado pelo seu gestor, Renata teve de se afastar das funções no banco. A incapacidade para o trabalho foi comprovada por laudo clínico e também por perícia do INSS, que concedeu benefício enquanto se manteve afastada. 

Mas devido a anulação de mais de 420 mil benefícios durante o governo Temer, ela foi obrigada a retornar ao trabalho.  A bancária foi demitida em 8 de junho, no ambulatório médico do banco, com atestado médico em mãos comprovando incapacidade para o trabalho e com o contrato de trabalho suspenso. 

“O trabalhador perde a saúde por causa do tratamento recebido no Santander, mas o INSS não reconhece a doença por causa da política adotada pelo governo Temer que anulou centenas de milhares de benefícios. E o banco se vale disso para demitir o empregado doente”, denuncia Vera Marchioni, diretora executiva do Sindicato de SP e bancária do Santander. 

“Ou seja, o Estado e o setor patronal estão agindo em conjunto contra o trabalhador no momento em que ele se encontra mais fragilizado e mais precisando de amparo. Uma prática totalmente imoral das empresas e do governo atual. Além disso, a reforma trabalhista dificulta as ações na justiça, porque o trabalhador que perder a ação terá de pagar os honorários do advogado da empresa”, ressalta a dirigente.  

Banco deixou trabalhadora nas mãos do assediador

A trabalhadora passa por tratamento médico desde 2015 devido ao desenvolvimento de transtorno depressivo recorrente, reações graves ao estresse e transtornos de adaptação. Doenças originadas das condições de trabalho e atestadas por laudo psiquiátrico. 

Durante esse período, ela tentou voltar ao trabalho algumas vezes. A última vez em março de 2018, porém nunca obteve retorno do banco aos pedidos do seu psiquiatra assistente para que fosse deslocada para um local mais próximo da sua residência e com tarefas que respeitassem as limitações impostas pela sua condição clínica. 

Como foi encaminhada para trabalhar no mesmo setor e com a mesma pessoa que havia praticado assédio moral e motivado o seu adoecimento, a trabalhadora teve nova crise de pânico e nem mesmo conseguiu entrar no andar. Em razão disso, foi afastada novamente pelo seu psiquiatra particular. 

INSS nega novamente benefício

Passou por nova perícia no INSS em 30 de maio e novamente o pedido de benefício foi indeferido. 

No dia 8 de junho, Renata compareceu no exame de retorno agendado pelo Santander. Entregou ao médico do banco o relatório do seu psiquiatra emitido na manhã do mesmo dia determinando afastamento do trabalho por 90 dias. 

“O médico do banco disse ‘eu estou vendo o seu problema, estou observado os laudos do seu médico, estou vendo os tremores [causados pelo estresse]”, conta Renata. 

Mesmo assim, o médico a considerou “parcialmente apta”. “Eu disse ‘o senhor está vendo o meu problema de saúde. Por que não me considera inapta para o trabalho? Ele respondeu que não tinha autonomia, que o INSS é soberano e que só pode considerar inapto para o trabalho o paciente que apresenta algum problema físico”, relata a trabalhadora. 

Demissão logo após o exame de retorno

Renata foi então encaminhada para conversar com a assistente social que deveria, junto do médico, providenciar a mudança de local de trabalho. Quando saiu da reunião, já estavam a aguardando o seu gestor e duas pessoas do RH que a demitiram sem justa causa. Tentou argumentar que estava com o atestado de afastamento em mãos, mas foi em vão. 

“Eu sinto um descaso muito grande, uma injustiça, e é como se eu não acreditasse que isso está acontecendo. Não é que eu quis parar de trabalhar, eu só queria uma oportunidade de trabalhar em um local onde eu tivesse respeito. É o que eu sei fazer. São mais de 20 anos de banco, mais de 10 anos no Santander. Gosto muito do que eu faço. Às vezes eu acordo e ainda penso nessa possibilidade. Eu só queria ter a minha saúde estabelecida para isso, mas eu percebo que mesmo se isso acontecesse, o banco não me daria esse direito [de voltar a trabalhar]. É onde eu sinto a injustiça.”

Fonte: SEEB/São Paulo

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