27 de Janeiro de 2020 às 09:06
Santander
Mais uma vez, a direção do Santander mostra que não compreende conceitos como voluntariado e doação. Ao descontar automaticamente 1% da variável (PLR, PPE e PPG) dos bancários que não manifestaram sua contrariedade até 30 de janeiro, o programa Sonhos Que Transformam subverte o significado de doação voluntária.
Pelas regras do programa, o bancário que até 30 de janeiro não manifestar opção através de link fornecido pelo banco, no qual é necessário fornecer senha do internet banking, terá 1% de sua remuneração variável descontada automaticamente da sua conta corrente no dia 28 de fevereiro, data em que é creditada a PLR.
“Um banco que diz pretender transformar a sociedade de forma sincera, sem caridade com o chapéu alheio, poderia começar horando suas obrigações tributárias, sem necessidade de ações judiciais e convocações para CPI”, diz a dirigente do Sindicato de São Paulo e bancária do Santander, Lucimara Malaquias.
Diante dessa situação, que se assemelha a forma como o Santander vendeu falsa ideia de voluntariado no projeto de educação financeira aos sábados, o Sindicato de São Paulo ingressou com ação civil pública em que cobra do banco a adequação do Sonhos Que Transformam à legislação e que bancários não sejam coagidos ou constrangidos para aderir.
“Estimular ações de voluntariado é louvável e o Sindicato é favorável. Porém, a ordem natural foi invertida. Não é o bancário que não deseja doar que tem de dizer não. É o bancário que deseja doar que deve dizer sim. Quem não se manifestar não pode ter o desconto. Além disso, há vasta legislação e jurisprudência que vedam desconto de salário sem prévia autorização. Valores da conta corrente do trabalhador não pertencem ao banco, mesmo que seja seu empregador. Também é inadmissível a exigência da senha do internet banking para acessar o link,”, critica a dirigente.
“Enviamos ao banco, em 17 de dezembro, ofício cobrando a revisão das regras e que o desconto só fosse feito para quem o autorizou. Também foram feitas negociações presenciais nesse sentido. Entretanto, diante da intransigência do Santander, só restou ao Sindicato defender os interesses dos bancários, coagidos e constrangidos, através da via judicial”, acrescenta.
Outro problema do Sonhos Que Transformam é o fato de que pessoas que ganham mais farão doação proporcionalmente menor. Ao excluir da base de cálculo parcelas de bônus pagas em ações à vista ou diferidas, o banco reduz a doação de altos executivos, que recebem parte considerável da variável em ações.
De acordo com Lucimara, a postura da direção do banco, que de forma recorrente transforma campanhas positivas em assédio, já é conhecida como “jeitão Santander”. “O desrespeito do banco para com seus trabalhadores é tamanho que transforma até boas iniciativas em assédio como no caso do Amigos de Valor, da desplastificação e, agora, do Sonhos Que Transformam. É o jeitão Santander."
“Mais uma vez, Sindicato e bancários ficaram sabendo desse desmando através de anúncio do presidente Sergio Rial, como foi feito na festa de fim de ano, e por meio de comunicados no Now. Não existe transparência, diálogo ou negociação efetiva. Essa postura intransigente do banco não é novidade e nem irá impedir que o Sindicato defenda os direitos dos bancários que representa”, conclui.
Fonte: SEEB/São Paulo
Link: https://seebcgms.org.br/banco-santander/santander-inverte-conceito-de-doacao-e-desconta-do-bancario-que-nao-manifestar-contrariedade/