9 de Setembro de 2008 às 11:15

Afastados relatam drama da volta ao trabalho

Falta de programa de reabilitação e discriminação a quem adoece agravam o problema

São Paulo – As negociações das questões de saúde que aconteceram na segunda-feira, dia 8, dentro do calendário da Campanha Nacional 2008 interessa muito aos bancários que contraíram doença ocupacional devido a falta de condições de trabalho e que, depois de período de afastamento, retornaram às funções.
 
Os relatos têm sempre um ponto em comum: todos revelam um verdadeiro drama repleto de discriminação, falta de perspectiva e ambiente de trabalho totalmente desfavorável. Ingredientes suficientes para baixar a auto-estima dessas pessoas. Os bancários reivindicam um programa de reinserção deste grupo de trabalhadores.
 
“A cultura dentro das instituições financeiras é discriminar e depois demitir. Queremos negociar um programa para que esses trabalhadores possam retomar sua vida profissional sem dificuldades. Mesmo porque quem adoeceu o bancário foi a própria instituição que não ofereceu condições de trabalho digna”, afirma o secretário de saúde do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Walcir Previtale.
 
Discriminação - Uma funcionária do Santander que não quer se identificar conta que quando retornou ao trabalho foi discriminada, o que aumentou seu problema de saúde. “Fiquei seis anos afastada. Quando voltei as minhas funções as pessoas no meu departamento não dava nem bom dia. Ficava durante o expediente lendo revista e ouvindo piadinha desrespeitosa”, fala.
 
A bancária conta ainda que diante do ambiente hostil desenvolveu síndrome do pânico e foi obrigada a se afastar novamente e a entrar com uma ação contra o banco por discriminação. “Houve uma mudança de postura em conseqüência do processo que eu movi. Hoje retomei minha função, mas com certeza sem a ação continuaria ouvindo piadinhas desrespeitosas”, revela.
 
A trabalhadora fala da expectativa da negociação de saúde. “É preciso que os bancos criem um programa de reabilitação com psicólogo e assistência social para que os trabalhadores possam retomar sua carreira sem discriminação”.
 
No Unibanco o problema não é diferente. Uma bancária que se afastou por 11 meses por causa de uma depressão relata que ao retomar suas funções sentiu na pele o preconceito dos chefes e colegas. “As pessoas vêem a gente como fracos. Os colegas não se misturam e ainda isolam. Ouvi muitas brincadeiras sutis”, diz.
 
A bancária relata que ao retornar às funções o ambiente ficou ainda mais propício para desenvolver mais doenças por causa da discriminação. “Ficamos sem auto-estima. Havia recomendação tanto do médico do banco quanto do INSS de procurar um outro departamento, mas o Unibanco ignora e manda a gente se virar para encontrar um outro setor”, desabafa.
 
Para amenizar o problema ela defende a criação de um departamento para buscar a reintegração de trabalhadores que sofreram com as doenças ocupacionais.
 
Lei - Além de cobrar dos banqueiros um programa de reintegração dos trabalhadores vítimas de doença ocupacional, a Campanha Nacional defende também o cumprimento da lei 8213/91, que estabelece que a reabilitação profissional deve ser realizada exclusivamente sob a supervisão do INSS e a sua regulamentação, conforme o decreto 3048/99.
 

Informações de Carlos Fernandes, do Seeb/SP
 

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