13 de Outubro de 2008 às 11:22
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Trabalhadores montam greve forte nos três primeiros dias e disposição deve continuar forte na segunda
São Paulo – Muitas forças trabalharam contra, mas os bancários cerraram forças e construíram uma greve poderosa em seus três primeiros dias – quarta, quinta e sexta-feira (8, 9 e 10 de outubro). Todos movidos pela revolta diante da falta de valorização por parte dos banqueiros e certos de que o movimento só acaba quando uma proposta digna for apresentada para a categoria.
Algumas das dificuldades são velhas conhecidas dos bancários: truculência da polícia, pressão desumana dos gestores, desrespeito à Lei de Greve e planos de contingência. Outras não eram muito esperadas: como o dissídio impetrado pelo Ministério Público em São Paulo e a chuva e o mau tempo nos dois primeiros dias.
Mas não teve conversa. Na quarta-feira, primeiro dia de greve, mais de 26 mil bancários de 682 locais de trabalho aderiram ao movimento. Na quinta, o número saltou para 35.150 de 744 agências e 11 concentrações. Os trabalhadores continuaram mobilizados na sexta: 34.800 funcionários de 749 agências e 11 concentrações cruzaram os braços na base de São Paulo, Osasco e Região.
“E na segunda-feira tem mais. Os trabalhadores não podem perder a garra, vamos manter o movimento em alta para arrancar dos banqueiros a proposta que merecemos”, diz o presidente do Sindicato paulistano, Luiz Cláudio Marcolino.
Madrugada – A surpresa da semana ficou por conta da mobilização dos trabalhadores, apoiados pelo Sindicato, durante a madrugada de quinta para sexta-feira. Duas concentrações, Casa 3 (Santander) e Casp (HSBC), foram surpreendidas e viram seus planos de contingenciamento caírem por terra: de um total de cerca de 3 mil trabalhadores nos dois locais, pouco mais de 20 entraram para trabalhar.
Outro banco que foi flagrado fazendo plano de contingenciamento, mas pela Superintendência Regional do Trabalho, foi o Unibanco. Fiscais descobriram cerca de 60 trabalhadores obrigados a entrar de madrugada desde o dia 7 e devem multar o banco por excesso de jornada em até cerca de R$ 300 por funcionário.
Os bancos apostaram tanto em planos de contingenciamento para furar a greve, que chegaram até a alugar helicópteros para transportar os bancários.
Polícia – A polícia novamente levantou dúvidas a respeito de a quem ela realmente serve. Usou da velha truculência, em diversos atos pacíficos de paralisação, mas foi especialmente grosseira no Centro Administrativo Tatuapé (CAT), na quinta, e na agência do Bradesco da 15 de Novembro, na sexta.
Pressão – Tão violento quanto a ação da polícia, foi o assédio dos gestores forçando os bancários a trabalhar. Relatos e mais relatos – por telefone, pessoalmente ou por e-mail – escancararam atitudes absurdas como ligar para a mãe de um bancário ameaçando-o de demissão, ligar incessantemente para os celulares para exigir que furassem a greve e obrigar a entrada no meio da madrugada, colocando trabalhadores em risco.
A greve é um direito do trabalhador garantido pela Constituição Federal, em seu artigo 9º, e consagrado pela Lei 7.783 de 1989, a chamada Lei de Greve. A norma prevê, no artigo 6º do inciso II, parágrafo 2º que “é vedado às empresas adotar meios para constranger o empregado ao comparecimento ao trabalho, bem como capazes de frustrar a divulgação do movimento”.
Informações de André Rossi, do Seeb/SP