5 de Setembro de 2008 às 12:12

Este ano, 86% das categorias repuseram inflação ou tiveram aumento real

Levantamento efetuado pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) mostra que, de 309 acordos salariais fechados pelas categorias de trabalhadores de todo o País que têm data-base no primeiro semestre do ano, 85,8% recuperaram o poder de compra ou tiveram aumento real de salário. O estudo foi divulgado pelo Dieese em entrevista coletiva concedida na quinta-feira, 4, na sede da Contraf/CUT, em São Paulo. A divulgação foi acompanhada por todas as centrais sindicais.
 
Apenas 14,2% das categorias tiveram reajuste abaixo do INPC-IBGE, segundo o Sistema de Acompanhamento de Salários do Dieese. O percentual de reajustes igual ou superior à inflação é menor que o verificado nos dois últimos anos - que neste período ficou na casa de 96% -, mas é superior aos registrados entre 1996 e 2005.
 
“O aumento da inflação nos primeiros meses do ano, embora não significativo, repercutiram nos resultados dos acordos salariais”, ponderou o economista José Silvestre Prado de Oliveira, coordenador de relações sindicais do Dieese, que apresentou o estudo.
 
Para o secretário-geral da Contraf/CUT, Carlos Cordeiro, que representou a CUT na apresentação do Dieese, “os números mostram que os trabalhadores brasileiros estão se mobilizando e lutando por aumento real de salário. E é isso mesmo que os sindicatos têm que fazer: lutar para que os trabalhadores incorporem aos salários parte do aumento do produto interno nacional”.
 
Por setor econômico e por região – Das 309 categorias que responderam à pesquisa, 73,5% tiveram aumento real de salário e 12,3% foram reajustados pelo INPC. Desmembrado por setor econômico, o levantamento mostra que aproximadamente 81% das negociações realizadas por categorias do setor industrial conquistaram reajustes superiores à inflação; para o comércio, o patamar ficou em 80%, enquanto no setor de serviços foi encontrado o menor percentual de resultados positivos - em torno de 64%. O estudo não considerou negociações realizadas por entidades de trabalhadores rurais e de funcionários públicos, devido às especificidades desses setores.
 
As regiões Sul e Centro-Oeste foram as que obtiveram os melhores resultados: aproximadamente 85% das categorias que tiveram acordo nesse período resultaram em reajustes superiores à inflação. A seguir, aparecem o Sudeste e o Nordeste, que obtiveram resultados positivos em praticamente 70% dos acordos analisados, e a região Norte, com ganhos reais em 63% dos casos.
 
O levantamento também fez a comparação dos reajustes em relação ao ICV-Dieese. Nesse caso, o quadro é mais favorável aos trabalhadores. Segundo esse indicador, aproximadamente 98% das negociações salariais obtiveram ganhos acima da inflação e apenas 2% ficaram abaixo. A diferença decorre do fato de o ICV-Dieese ter registrado variações menores nos preços do que as registradas pelo INPC-IBGE.
 
'Aumento de salário não pressiona inflação' – Tanto o secretário-geral da Contraf/CUT, Carlos Cordeiro, quando o economista José Silvestre, do Dieese, rebateram a tese difundida pelos empresários (inclusive pelo presidente da Fenaban, Fábio Barbosa, em entrevista à Folha de São Paulo da última segunda-feira) de que os reajustes salários representam risco para a inflação.
 
“A pequena alta inflacionária no primeiro semestre deveu-se ao aumento dos preços de seis produtos agrícolas, do petróleo e de algumas commodities metálicas. Foi uma inflação que veio do exterior e não uma inflação de demanda”, disse Silvestre. “Os salários estão aumentando abaixo do índice de crescimento do PIB e o salário médio de 2007 é menor que o salário médio de 2002. Reajuste de salários, portanto, não tem absolutamente nada a ver com a inflação do primeiro semestre, que aliás está em queda”.
 

Contraf/CUT
 

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