7 de Dezembro de 2023 às 08:12

Bancários do Centro-Norte apontam os principais desafios da categoria para 2024

Assembleias

Os bancários dos sindicatos das bases da Federação do Centro-Norte (Fetec-CUT/CN) têm três grandes desafios para o próximo ano: preparar a campanha nacional da categoria, ameaçada pela epidemia de adoecimentos e pela precarização do sistema financeiro provocadas pelas novas tecnologias, participar das eleições municipais de forma a ampliar os espaços democráticos para fortalecer a luta dos trabalhadores e ajudar a construir um projeto de preservação do meio ambiente que desacelere o aquecimento global e garanta qualidade de vida à classe trabalhadora e toda a população.

Essas grandes preocupações foram consensuais entre os delegados que participaram da abertura das assembleias ordinária e extraordinária da Fetec-CUT/CN, realizadas nesta quarta-feira, 6 de dezembro, em Brasília. Na sequência das assembleias, nesta quinta (7) será realizado o Congresso Extraordinário da Federação, que discutirá a reforma sindical em gestação e os desafios da classe trabalhadora da Amazônia, Cerrado e do Pantanal diante das mudanças climáticas e suas contribuições para a COP-30. 

 

“Estamos aqui com essa pluralidade de representações e os desafios que temos são imensos. Além das questões em defesa da categoria bancária que estarão na campanha nacional de 2024, temos urgência e precisamos estar engajados na luta contra as mudanças climáticas e o aquecimento global. Queremos construir as melhores propostas para a questão ambiental. Nada poderá ser feito sem a nossa participação. A contribuição de especialistas de outras regiões é bem-vinda, mas somos nós, que vivemos na Amazônia, no Cerrado e no Pantanal e que conhecemos a região melhor que ninguém, que temos a responsabilidade de apresentar soluções para conter o aquecimento global e levar propostas concretas para a COP 30, que será realizada em Belém em 2025”, acrescentou Cleiton dos Santos Silva, presidente da Fetec-CUT.

A presidenta do SEEBCG-MS, Neide Rodrigues, participou da mesa de abertura das assembleias. “Nós temos muitos desafios em 2024, como acabamos de ter agora no final de 2023, que foi a proposta do Saúde Caixa, que foi necessário um empenho para a categoria entender a necessidade de aprovação. Mas no ano que vem, já temos um calendário para a renovação da nossa CCT e também temos as eleições municipais, que precisamos debater esse envolvimento, porque se queremos mudar alguma coisa, é primordial ter representantes da nossa categoria”, disse Neide.

Além da presidenta, os delegados que estão representando a base do SEEBCG-MS são os diretores Marcley Telles, Patrícia Soares, Álvaro Marzochi Jara e José dos Santos Brito

 

Unir forças e lutar

A fragmentação das categorias profissionais e a precarização do trabalho trazidas pelas novas tecnologias e modelos de gestão neoliberais, além das reformas trabalhista e sindical, impuseram nas últimas décadas muitas dificuldades para as lutas dos trabalhadores. Para superar esses obstáculos, os trabalhadores precisam compreender essas profundas mudanças e formular estratégias de ação que busquem a unificação dos trabalhadores como passo necessário para o fortalecimento da organização e das lutas da classe trabalhadora em defesa de seus direitos.

Esse foi o sentido geral das intervenções dos delegados presentes às assembleias ordinária e extraordinária da Federação dos Bancários do Centro-Norte (Fetec-CUT/CN) durante a mesa que discutiu, na manhã desta quarta-feira (6), em Brasília, a conjuntura nacional a partir de exposição do presidente da CUT Brasília, Rodrigo Rodrigues, e da apresentação do economista do Dieese Gustavo Cavarzan sob o tema Digitalização do Sistema Financeiro.

O setor bancário brasileiro é o que mais investe em tecnologia, segundo informou Cavarzan: R$ 34,9 bilhões somente no ano passado (um crescimento de 18% em relação a 2021), o que inclui inteligência artificial, analytics e big data, blockchain, segurança cibernética, 5G, nuvens etc. Do total de transações bancárias no ano passado, 77% foram efetuadas por canais digitais e apenas 8% nas agências.

Com as sucessivas ondas de inovação tecnológica no sistema financeiro, mostrou o economista do Dieese, os bancos digitais já tinham em 2020 quase 8.200 agências. E em 2023 já há no Brasil 1.450 fintechs.

De acordo com Cavarzan, que fez a exposição por meio virtual, isso está provocando profundos impactos no emprego do ramo financeiro. Em 2012, a categoria bancária englobava 59% dos postos de trabalho formais do ramo financeiro. Em 2021, caiu para 44%. Ou seja, foram fechados 70 mil empregos dos trabalhadores do setor protegidos pela Convenção Coletiva dos Bancários, enquanto o número de trabalhadores do ramo financeiro fora da CCT cresceu mais de 215 mil. E já são hoje mais de 571 mil, com remuneração menor, jornada de trabalho maior e menos direitos.

A importância da construção do ramo financeiro

“A fragmentação do emprego no ramo financeiro indica que a estrutura sindical atual brasileira dificilmente dará conta de responder aos desafios colocados”, alerta o economista do Dieese. “Os trabalhadores que se expandem no ramo financeiro são representados por diferentes e diversos sindicatos – ou não têm representação sindical alguma - e têm condições de trabalho inferiores ao núcleo central da categoria bancária cada vez mais reduzido.”

Gustavo Cavarzan conclui: “Parece fundamental debater mudanças na estrutura sindical brasileira e também nas estratégias internas do movimento sindical para fazer frente a essa nova composição do mercado de trabalho”.

Na sua análise de conjuntura, o presidente da CUT Brasília, Rodrigo Rodrigues, não só concordou com essa análise do economista do Dieese como informou que esse mesmo fenômeno está acontecendo em praticamente todas as categorias de trabalhadores.

“Precisamos enfrentar essa nova realidade do mundo do trabalho imposta pela nova lógica do desenvolvimento do capital com a orientação que temos há 200 anos: trabalhadores, uni-vos”, afirma Rodrigo Rodrigues. “Cada categoria tem a sua especificidade, mas todas enfrentam os mesmos grandes problemas. Por isso é importante buscar a unidade da classe trabalhadora.

Para o presidente da CUT Brasília, “o papel do movimento sindical neste momento, mesmo num governo que foi apoiado por nós mas é de frente ampla, com um Congresso conservador, é estar na luta em defesa dos interesses dos trabalhadores, o que inclui às vezes entrar em choque com o governo”.

Por: Fetec-CUT/CN


 

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