12 de Maio de 2009 às 09:27

Bancos centrais preveem recuperação

A economia global mostra os primeiros sinais de recuperação, segundo os principais bancos centrais de países desenvolvidos e emergentes, na avaliação mais otimista desde o início da recessão.

" Em alguns países já se vê uma retomada, em outros vemos que [a economia] continua caindo, mas num ritmo mais lento " , afirmou o presidente do Banco Central Europeu (BCE) e também presidente da reunião dos banqueiros, Jean-Claude Trichet, resumindo o sentimento das autoridades monetárias.

O presidente do Banco Central do Brasil, Henrique Meirelles, disse que China e Brasil foram considerados os " pontos de otimismo, considerados os sinais de que o mundo pode estar de fato se aproximando do ponto de inflexão, como antecipador do movimento global " .

Por sua vez, o presidente do Banco Central da Arábia Saudita, Muhammed Al-Jasser, qualificou a reunião no Banco de Compensações Internacionais (BIS) " como a mais otimista em um ano entre os bancos centrais " , mas frisou que a grande questão é se as " faíscas " de recuperação são sustentáveis ou não.

O fato é que mesmo os frágeis sinais de reviravolta na economia mundial já levaram a uma alta de 40% no índice de ações globais desde março, segundo o " Financial Times " .

Coincidindo com o sentimento das autoridades monetárias, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne as principais economias, também deu sinais de " pausa na desaceleração " nas principais economias europeias e na China.

Os bancos centrais em torno do mundo cortaram fortemente as taxas de juros e os governos injetaram centenas de bilhões de dólares em suas economias para frear a pior crise dos últimos 70 anos.

Trichet insistiu que, apesar de indicadores " encorajadores " , os BCs devem redobrar a atenção porque " estamos ainda em águas não navegadas, numa situação absolutamente excepcional desde 9 de agosto de 2007 " .

Ele martelou que uma vez que o crescimento econômico voltar, as autoridades monetárias vão precisar tirar seu apoio extraordinário para as economias. A questão da estratégia de saída nos EUA envolve a retomada de compra de títulos públicos, a redução de juros e o reequilíbrio fiscal.

A avaliação dos banqueiros, segundo Trichet, é de que os bancos centrais devem manter duas atitudes: continuar adotando medidas extraordinárias que forem necessárias para combater a crise e ao mesmo tempo prevenir que riscos inflacionários se materializem no médio prazo.

Abordando a situação do Brasil, Henrique Meirelles disse que no momento o país está " focado nas medidas de recuperação " . Mas deixou claro que a estratégia de saída passará por acabar os empréstimos pelas reservas, acabar as isenções fiscais que foram dadas na crise atual e voltar já em 2010 do superávit primário de 3,8%, comparado aos 2,5% atualmente. " Nada disso é possível agora " , afirmou.

Para Meirelles, o desafio será de comunicação para os governos e, sobretudo, os bancos centrais, para diferenciar crescimento na margem (de mês a mês) e crescimento de médias (comparando com o ano anterior).

Por exemplo, as indicações atuais de melhora na economia brasileira só se saberá com certeza em setembro, quando será divulgado o PIB do período. Antes, em junho, será divulgado o PIB do primeiro trimestre, bem ruim. Ou seja, o impacto poderá causar mais problemas no mercado, quando o país já estará vivendo em outra situação. Nesse cenário, ele reiterou que um otimismo exagerado nos mercados é momento é ruim, alertando para a aposta excessiva no real ou em renda variável que possa levar mais volatilidade na frente.

Em todo caso, Meirelles admite que o crescimento médio (comparado com o ano anterior) ficará " muito abaixo " do crescimento na margem, ou seja, a expansão da economia de um mês para outro.

Segundo ele, os indicadores apontam uma recuperação da economia brasileira liderada pela demanda doméstica. As exportações não dão sinais de recuperação, particularmente nos produtos industrializados.

Ao transmitir a mensagem dos banqueiros centrais, Jean-Claude Trichet, ao ser indagado sobre o Brasil e a China, disse que os emergentes são " uma parte do que poderíamos avaliar como positivo na economia mundial " , com algumas economias já " além do ponto de inflexão " , mas evitou mencionar países.

Os banqueiros destacaram que os mercados financeiros começaram a se recuperar. Mas alertaram que a economia mundial continua num processo de correção, com grande número de desequilíbrios doméstico e externo. Persistem incertezas, como a queda do preço de imóveis em vários países desenvolvidos. Por outro lado, os imóveis usados começam a atrair compradores em busca de barganhas.

(Assis Moreira | Valor Econômico)

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