11 de Janeiro de 2010 às 11:39

Bancos terão de 'reinventar' modelos de empréstimos no Brasil, diz economista

FOLHA DE SÃO PAULO
DA REPORTAGEM LOCAL
TONI SCIARRETTA


Após desacelerar em 2009, o crédito voltará a se expandir com vigor em 2010 até entrar em um processo de acomodação, com taxas menores de crescimento, a partir de 2011, segundo o banco Credit Suisse.


O banco suíço projeta um crescimento de 24% nos empréstimos neste ano, resultado da demanda aquecida, aumento da renda e retomada da economia. A previsão é que o estoque de empréstimo ultrapasse, pela primeira vez, a metade do PIB brasileiro e chegue a 51% no final de 2010 - no ano passado, ficou perto de 46% do PIB.


Em 2011, o crédito deve atingir o patamar inédito de 55% do PIB. Porém, haverá uma desaceleração no ritmo de crescimento - de 24% para 14%.


Segundo o economista Nilson Teixeira, autor do estudo do Credit Suisse, no próximo ano as modalidades de crédito que sustentaram a rápida expansão dos empréstimos desde 2003 - consignado, financiamento ao consumo, veículos etc.- chegarão próximo da exaustão e sofrerão um processo gradual de acomodação.


Para voltar a crescer no ritmo anterior, os bancos terão de "reinventar" o negócio de emprestar dinheiro no Brasil. As instituições financeiras terão de entrar pesado no financiamento imobiliário e em outras modalidades ainda pouco exploradas, como empréstimos para expansão de empresas.


Os valores negociados serão bastante superiores aos atuais e os financiamentos terão, necessariamente, prazos mais longos e juros menores.


"Vai ocorrer no Brasil um processo em que vamos saltar de um crédito de curto e médio prazo para um de prazo mais longo. Mas essa calibração toma tempo, por isso o crédito vai desacelerar em 2011.


Primeiro vai ter uma acomodação da demanda de crédito [de curto prazo], acompanhada por uma expansão da demanda por crédito de longo prazo. No caso da pessoa física, será para imóveis; pessoa jurídica, será para investimentos. Ao invés de utilizar exclusivamente recursos do BNDES, o crédito para as empresas terá uma composição maior também de mercado de capitais e de crédito privado."


Segundo o economista, ainda é difícil saber em qual velocidade ocorrerá essa migração de prazos no crédito brasileiro, como ocorreu em outros países. Ele afirma que isso dependerá também do custo do dinheiro no país, redução de gargalos e do controle maior da inadimplência, com a adoção de instrumentos de análise de risco como o cadastro positivo.


No estudo, o crédito imobiliário com recursos da poupança deverá crescer em ritmo acima de 40% em 2010. O programa Minha Casa, Minha Vida será o principal canal de estímulo para o setor.


Para o banco, o financiamento do setor imobiliário pelo mercado de capitais deve se acelerar neste ano, mas a poupança ainda continuará sendo o principal motor do crédito habitacional. "A nossa expectativa é que, como ocorreu em outros países, o financiamento privado passe a ser mais relevante do que o público no crédito imobiliário na próxima década", disse Teixeira.


Capitalizado pelo Tesouro Nacional, o BNDES (Bando Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) terá ainda um papel importante no financiamento das empresas em 2010, com desembolsos previstos de R$ 140 bilhões, mas reduzirá sensivelmente sua atuação em 2011.


Segundo os economistas do Credit Suisse, o banco costuma reduzir as concessões em períodos de transição de comando interno, independentemente do resultado da eleição presidencial deste ano.


O Credit espera ainda uma redução gradual dos "spreads" (diferença entre a taxa de captação e a taxa repassada ao cliente) nos próximos anos, estimulada pelo aumento da concorrência dos bancos privados com os bancos públicos.

Fonte: Folha de São Paulo

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