24 de Novembro de 2025 às 07:55

Campanha 21 Dias de Ativismo denuncia violência digital e luta das mulheres negras

Mobilização

Começou no dia 20 de novembro a tradicional campanha “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra Meninas e Mulheres”. A ação, que segue os moldes da campanha dos "16 dias de ativismo" idealizada pela Organização das Nações Unidas (ONU), tem início no Brasil no Dia da Consciência Negra, e vai até 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.

Em 2025, a campanha - que mobiliza entes públicos movimento sindical, movimentos sociais e diversos setores da sociedade - destaca o tema “Una-se para Acabar com a Violência Digital contra Todas as Mulheres e Meninas”, reconhecendo que ataques, extorsões, discursos de ódio, perseguição, exposição íntima e humilhações têm crescido de forma acelerada nos ambientes digitais e com impactos desproporcionais em meninas, adolescentes, mulheres negras e em quem ocupa espaços de decisão política, sindical ou pública.

A ONU Mulheres reforça esse alerta ao afirmar que a violência digital tem consequências diretas no mundo real, contribuindo para a escalada de agressões e até feminicídios quando tecnologias são usadas para ameaçar, perseguir ou coagir mulheres.

Entre as expressões mais comuns da violência digital estão:

  • disseminação não consentida de imagens íntimas;
  • pornografia de vingança;
  • criação de perfis falsos para perseguição e ataques;
  • chantagem sexual;
  • extorsão;
  • ameaças;
  • discursos de ódio misóginos e racistas;
  • ataques digitais coordenados contra mulheres que atuam na política, no sindicalismo, na imprensa, em movimentos sociais e no ativismo;
  • assédio on-line contra adolescentes e meninas.

Especialistas apontam que o Brasil vive um processo de normalização da violência digital, em plataformas com baixa regulação e em um ambiente político radicalizado.

Paralelamente, o início da campanha, no Dia da Consciência Negra, evidencia a importância de reconhecer que as mulheres negras são as maiores vítimas de todas as formas de violência no país. Em 2024, o Brasil registrou 1.492 feminicídios, o maior número desde que o crime foi tipificado, em 2015.

A escolha da data de início reflete a dupla vulnerabilidade enfrentada pelas mulheres negras, que sofrem as consequências do racismo estrutural e do machismo de forma interseccional. São quatro mulheres assassinadas por dia, um aumento de 0,7% em relação a 2023. Mulheres negras representam 63,6% das vítimas, e 70% tinham entre 18 e 44 anos. 

Ponto alto da campanha no Brasil será, no dia 25, a Marcha das Mulheres Negras. Mulheres de todo o país marcharão em Brasília contra o racismo e a violência de gênero. A mobilização reúne coletivos, movimentos sociais, sindicatos e organizações em defesa da vida e dos direitos das mulheres negras, com atividades políticas, culturais e formativas.

Violência contra a mulher

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 840 milhões de mulheres já sofreram algum episódio de violência doméstica ou sexual ao longo da vida, o que significa uma em cada três. Nos últimos 12 meses, 316 milhões foram vítimas de violência física ou sexual praticadas pelo parceiro.

  • Tentativas de feminicídio: aumento de quase 20% em relação a 2023.
  • Local dos assassinatos: 64% dos feminicídios ocorreram dentro da casa das vítimas.
  • Agressor: em 97% dos casos, o autor era o companheiro ou ex-companheiro.
  • Violência psicológica: crescimento de 6%.
  • Estupros: 892 casos registrados contra mulheres.
  • Chamadas ao 190: mais de 1 milhão de registros de violência doméstica (média de dois por minuto).
  • Medidas protetivas descumpridas: mais de 100 mil, aumento de 16%.

(Dados do Anuário de Segurança Pública - 2024)

Por que o Brasil tem 21 Dias de Ativismo

A mobilização internacional ocorre entre 25 de novembro e 10 de dezembro (16 Dias de Ativismo). No Brasil, o calendário foi ampliado para 21 dias, incorporando o 20 de novembro e o Dia M (3 de dezembro), dedicado ao enfrentamento da violência contra meninas. A articulação entre movimentos de mulheres, movimentos negros, entidades sindicais e organizações sociais consolidou o entendimento de que não há combate à violência de gênero sem combate ao racismo.

A campanha brasileira incorpora eixos como:

  • combate ao racismo;
  • denúncia das desigualdades estruturais;
  • enfrentamento das múltiplas violências que atingem mulheres negras, indígenas, quilombolas, ribeirinhas, periféricas, trabalhadoras domésticas e outros grupos vulnerabilizados.

Calendário

A campanha incorpora um conjunto de datas que ajudam a dimensionar a luta contra as múltiplas formas de violência. Entre elas:

20 de novembro – Dia da Consciência Negra
25 de novembro – Dia Internacional de Combate à Violência contra as Mulheres
1º de dezembro – Dia Mundial de Combate ao HIV/Aids
3 de dezembro – Dia M (data dedicada ao enfrentamento à violência contra meninas)
3 dezembro – Dia Internacional das Pessoas Com Deficiência
6 de dezembro – Dia dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres (campanha do Laço Branco);
10 de dezembro – Dia Internacional dos Direitos Humanos

Por: CUT

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