10 de Outubro de 2025 às 08:11
Fenaban
O Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) debateram na quarta-feira (8) os riscos de contaminação por bisfenol A (BPA) e bisfenol S (BPS), componentes de papéis térmicos utilizados em impressoras e terminais eletrônicos.
A presidenta do SEEBCG-MS, Neide Rodrigues, que faz parte do Comando, destacou que a saúde é pauta permanente do movimento sindical. “A saúde dos bancários mobiliza a base e demanda respostas dos sindicatos, por isso, priorizamos essa pauta e reivindicamos a substituição de materiais nocivos, mesmo com estudos em andamento, pois a prevenção é sempre a melhor atitude”, disse
O vice-presidente da Contraf-CUT, Vinícius Assumpção, explicou que no mercado existem papéis térmicos sem o BPA e o BPS. Ele reforçou ainda que há um projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional que proíbe a fabricação e a importação de papéis térmicos que contenham o BPA e o BPS em concentrações iguais ou superiores a 0,02% de seu peso.
"Trata-se do PL 2844/24, aprovado em junho pela Comissão de Defesa do Consumidor, na Câmara dos Deputados", completou. Para que passe a valer, a proposta ainda precisa ser aprovada por outras comissões na Câmara, além da apreciação do Senado.
O vice-presidente da Contraf-CUT também citou um estudo publicado em 2014 pelo The Journal of the American Medical Association (Jama), um dos mais respeitados periódicos médicos do mundo. O levantamento ganhou repercussão na época porque foi o primeiro a investigar de perto a contaminação pelo manuseio de papeis térmicos, produzidos com o bisfenol A (BPA), mostrando que somente após duas horas manuseando os papéis térmicos, sem a utilização de luvas, o químico foi identificado na urina de todos (100%) os voluntários.
Antes de começar a experiência, 83% dos participantes já apresentavam bisfenol A na urina, em concentração média de 1,8 μg/L. Depois dos testes, sem luvas, além de haver o registro de bisfenol na urina de todos os participantes, a concentração média subiu cinco vezes mais (5,8 μg/L).
A representação da Fenaban destacou que, atualmente, os cinco maiores bancos trabalham com bobinas a base de bisfenol S (BPS) e não a base do bisfenol A (BPA).
Desde 2020, a União Europeia proibiu o uso de papéis produzidos com BPA em países do bloco, que passaram a substituir o químico pelo BPS. Entretanto, esse segundo componente não está livre de preocupação, o que fez com que a Suíça se tornasse o primeiro país a proibir, no mundo, tanto o BPA quanto o BPS na fabricação de papéis térmicos.
Aqui no Brasil, uma pesquisa desenvolvida na Universidade Federal Fluminense (UFF), em 2023, indicou que o BPS pode ser tão prejudicial quanto o BPA, especialmente para o coração. “Nós observamos que a combinação da obesidade com a exposição ao BPS intensifica a hipertrofia e a fibrose cardíaca, condições que podem evoluir para doenças cardiovasculares graves, como insuficiência cardíaca”, explicou a doutora Beatriz Alexandre-Santos, autora do estudo.
Ao final do encontro, a representação da Fenaban solicitou ao Comando Nacional os estudos que foram apresentados e sugeriu incluir outros entes no desenvolvimento de pesquisas sobre os impactos do BPS na saúde dos bancários e bancárias.
A representação dos trabalhadores, por sua vez, sugeriu buscar entidades e pessoas especializadas. “Podemos envolver médicos, pesquisadores, ministérios, Fiocruz e a Fundacentro. Mas mantemos a nossa reivindicação para a substituição desse material, ainda que em paralelo à realização de estudos, porque a melhor atitude sempre será a preventiva", concluiu coordenadora do Comando Nacional dos Bancários, Neiva Ribeiro.
O bisfenol é utilizado não apenas na fabricação de papéis térmicos, mas também em plásticos e resinas que revestem embalagens metálicas de alimentos. Em altas concentrações, pode interferir nos hormônios, por isso é associado a problemas de saúde como distúrbios reprodutivos, cardíacos, obesidade, mudanças no desenvolvimento infantil e variedades de cânceres.
Desde 2012, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proíbe no Brasil a fabricação e importação de mamadeiras produzidas com bisfenol A.
Por: Contraf
Link: https://seebcgms.org.br/noticias-gerais/comando-nacional-e-fenaban-discutem-riscos-de-contaminacao-de-trabalhadores-por-bisfenol/