30 de Julho de 2008 às 11:03

Contraf e UNI abrem diálogo com Fenaban sobre acordo marco

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT), Vagner Freitas, o secretário-geral do departamento da UNI Finanças Mundial, Oliver Röethig, presidentes e representantes da CUT e dos principais sindicatos de bancários do país reuniram-se na segunda-feira 28 com a Fenaban para iniciar a discussão, pela primeira vez na história, de um acordo visando estabelecer parâmetros de relações trabalhistas e sindicais de âmbito mundial.
 
Esse modelo de negociação é conhecido como Acordo Marco Internacional e tem o objetivo de fazer com que as empresas respeitem direitos sindicais e trabalhistas consagrados nas convenções da OIT (Organização Internacional do Trabalho) não só em seus países de origem, mas em todas as regiões em que atuam.
 
“Este é um momento histórico para a Contraf/CUT”, avalia Vagner Freitas. “Não é apenas a primeira vez que uma reunião desse tipo ocorre no Brasil como é também a primeira vez em todo o mundo que a discussão sobre o acordo marco se dá entre representantes dos trabalhadores e uma entidade patronal que representa um ramo inteiro da economia”. Até agora, as negociações desse tipo se davam com empresas individualmente.
 
“Mais uma vez os bancários estão na vanguarda do movimento sindical”, diz Vagner Freitas. “Por causa da globalização, nós que tínhamos normalmente os bancos nacionais, hoje temos a convivência de internacionais também. Por isso o movimento sindical precisa se organizar internacionalmente. Se tivermos êxito, essa discussão pode ser estendida para outros setores. O acordo marco é importante porque estabelece acordo de patamar internacional de direitos”, aponta o presidente da Contraf/CUT.
 
“Decisão política sobre princípios” – Para o alemão Oliver Röethig, secretário-geral da UNI Finanças Mundial – sindicato global de trabalhadores dos setores de serviços, ao qual a Contraf/CUT é filiada – os acordos são benéficos para empresas e trabalhadores, porque evita que uma mesma negociação seja realizada diversas vezes. “Os acordos marco não são um documento legal. Na verdade, é uma decisão política dos dois lados de cumprirem esses princípios. Basicamente esse é o cerne que cria estruturas que unificam. Não é algo que será assinado e ficará pendurado na parede. Queremos condições de trabalho e padrões sindicais que sejam cumpridos”, declara.
 
Röethig explicou ainda que os acordos marco são baseados em princípios como liberdade de ação sindical, criação de acordo coletivo, não discriminação no local de trabalho e proibição de trabalho infantil. E que aos poucos e de forma permanente essas regras vão sendo discutidas, aperfeiçoadas e ampliadas.
 
Tanto Röethig quanto os demais dirigentes sindicais destacaram que mais uma vez os bancários estão na vanguarda do movimento sindical e que a iniciativa pode ser estendida para outras categorias.
 
Na busca de um acordo global – O presidente do Sindicato de São Paulo, Luiz Cláudio Marcolino, que participou da reunião, faz uma comparação entre o acordo marco e a Convenção Nacional dos Bancários. “A nossa convenção coletiva é uma das poucas que tem caráter nacional. Todos os direitos são válidos em todas as regiões do país. Não foi fácil criar esse acordo e ele é um exemplo de que um acordo mundial pode ser estabelecido”, disse, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região. “Podemos começar pelo que é consenso entre trabalhadores e banqueiros”, completa.
 
O secretário de Relações Internacionais da Contraf/CUT, Ricardo Jacques, manifesta a esperança de que no futuro sejam assinados acordos internacionais que abordem “desde as questões de princípios até questões econômicas. Sabemos das dificuldades culturais e econômicas. Mas se o produto vendido é semelhante, por que não estabelecer o mesmo com as relações de trabalho?”.
 
Márcio Monzane, do grupo diretivo da UNI Américas e ex-diretor do Sindicato de São Paulo, avalia que a reunião com a Fenaban foi um primeiro passo rumo “àquilo que queremos, que é um conjunto de compromissos assumidos pelos bancos na sua atuação no exterior”.
 
Participaram ainda do encontro o secretário de Relações da CUT, João Felício, o presidente do Sindicato de Belo Horizonte, Clotário Cardoso, e o diretor do Sindicato do Rio de Janeiro Almir Aguiar.
 
A Fenaban, representada por diretores de bancos e membros do Comitê de Relações trabalhistas, foi receptiva em relação às reivindicações dos trabalhadores e se comprometeu em manter aberto o diálogo com o movimento sindical.
 

José Luiz Frare, da Contraf/CUT, e Elisângela Cordeiro, do Seeb/SP
 

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