2 de Junho de 2017 às 10:55

Dados do PIB não autorizam governo a falar em retomada

PIB

O Produto Interno Bruto (PIB) – soma de todos os bens e serviços produzidos no país – cresceu 1% no primeiro trimestre do ano, quando comparado ao trimestre anterior (quarto trimestre de 2016). Na comparação com o mesmo período de 2016, no entanto, o PIB registrou queda de 0,4%, é o 12º resultado negativo consecutivo nesta base de comparação.

Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (1), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O crescimento de 1% entre um trimestre e outro, segundo o IBGE, foi fortemente influenciado pela agropecuária, que fechou março com alta de 13,4% (a indústria teve expansão de apenas 0,9% e o setor de serviços fechou estável entre um período e outro: 0,0%).

Em reportagem da Rede Brasil Atual, o economista Marcio Pochmann, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), avalia que os resultados não autorizam o governo a falar em retomada da economia brasileira. "As informações revelam muito mais um efeito estatístico, que não deriva de ações do governo, do que uma materialidade para sustentar uma recuperação", diz Pochmann. Entre esses efeitos, está o mercado externo, parcialmente favorecido por um período de desvalorização cambial. "Poderíamos ter uma recuperação externa maior se não tivéssemos um processo de valorização cambial no governo Temer", afirma.

Quanto ao crescimento da agropecuária, para Pochmann isso demonstra acima de tudo uma convergência climática, que também não tem nada a ver com o governo. "Comércio externo e agricultura são positivos, mas não consigo identificar ações de política econômica. No que depende de política econômica, os dados não dão consistência nesse sentido", reforça.

O economista diz que o cenário é ainda preocupante para a economia, com desemprego em alta e redução de crédito e de investimento. "O que o governo fez? Reduziu a taxa de juros. Isso deveria mobilizar a demanda interna." Mas mesmo a redução da taxa básica, agora em 10,25%, não acompanhou o ritmo menor da inflação. "Temos uma queda apenas nominal, não real."

Pochmann lembra que no início dos anos 1980 e 1990 o Brasil urbano passou por recessões caracterizadas por um período de queda intensa, uma "parada" e, na sequência, nova retração. Os números do IBGE, ainda que permitam falar em copo meio vazio ou meio cheio, "não autorizam imaginar que há um ciclo de recuperação que se sustente."

Segundo o IBGE, em valores correntes, o PIB encerrou o primeiro trimestre do ano em R$ 1,6 trilhão.

Fonte: SEEB/São Paulo

Convênios saiba +

Clube de campo saiba +

Jogos/ Resultadossaiba +

Parceiros