24 de Julho de 2025 às 10:00
Movimento Sindical
A Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Centro-Norte (Fetec-CUT/CN) e o Sindicato dos Bancários de Brasília reuniram-se nesta segunda-feira (21) com o secretário Nacional de Defesa do Consumidor, Wadih Damous, e com o diretor do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Vitor Hugo Ferreira, para discutir a prática de terceirização fraudulenta por parte do Banco Santander, além do fechamento de agências, demissões, precarização das relações de trabalho e prejuízos no atendimento aos clientes e à população brasileira.
Participaram do encontro o presidente da Fetec-CUT/CN, Rodrigo Britto, a representante da Federação na Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander, Eliza Espíndola, o deputado distrital Chico Vigilante (PT-DF), que solicitou a audiência, e a deputada federal Erika Kokay (PT-DF), além da assessoria jurídica do Sindicato de Brasília.
Como resultado da reunião, a Fetec-CUT/CN e o Seeb Brasília decidiram protocolar formalmente (o que foi feito na terça-feira 22) denúncias contra o Santander junto à Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), ao Banco Central do Brasil e ao Ministério da Fazenda. O objetivo é pressionar por medidas que freiem a precarização do trabalho e garantam a segurança dos consumidores.
A reunião ocorre depois de audiências públicas realizadas na Câmara Legislativa do DF, proposta por Chico Vigilante, e na Câmara dos Deputados, a pedido da deputada Erika Kokay (PT-DF).
Segundo estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o Santander tem burlado a legislação brasileira ao praticar terceirização fraudulenta.
Entre 2009 e 2024, o banco espanhol fechou 280 agências (10% da rede física) e mais 374 pontos de atendimento apenas entre 2023 e 2024. O Santander divulga que aumentou o número de empregados, de 47.819 em 2009 para 55.646 em 2024, mas esconde que houve grande redução no número de bancários. Isso porque o grupo espanhol pratica no Brasil a terceirização fraudulenta: cria empresas coligadas (são 25 no total) e depois transfere os trabalhadores para essas empresas, com contratos trabalhistas que os retiram da categoria bancária, e com isso burlando os direitos previstos na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) dos bancários.
Apenas 54% do total de trabalhadores do grupo tem vínculo direto com o banco. E o resultado disso são redução de salários e benefícios, perda de representatividade sindical e enfraquecimento da categoria bancária. Veja aqui o estudo do Dieese.
Além do impacto direto sobre os trabalhadores, o fechamento massivo de agências tem prejudicado diretamente os clientes, especialmente os mais vulneráveis. Com a redução no número de unidades, o atendimento bancário perde qualidade, as filas aumentam e o tempo de espera se torna excessivo. Muitos clientes são forçados a se deslocar para outras agências, já que aquela onde mantinham conta ou que era mais próxima de sua residência ou trabalho teve seu prefixo transferido – situação que afeta principalmente idosos beneficiários da previdência, que enfrentam dificuldades para se locomover.
No Distrito Federal, por exemplo, em apenas dois anos o número de agências do Santander caiu de 44 para 15. “O objetivo do Santander com tudo isso é lucrar mais. Basta ver seus resultados no Brasil, que representa cerca de 20% do lucro mundial do banco espanhol”, critica Eliza Espíndola.
Por: Fetec-CUT/CN
Link: https://seebcgms.org.br/noticias-gerais/fetec-centro-norte-e-seeb-df-denunciam-terceirizacao-fraudulenta-e-fechamento-de-agencias-pelo-santander-em-reuniao-com-o-ministerio-da-justica/