18 de Dezembro de 2008 às 23:48

Folha: bancos terão R$ 95 bi a mais para emprestar

O governo anunciou ontem medidas que permitirão injetar até R$ 94,5 bilhões na economia neste momento de escassez de crédito. Elas envolvem desde um maior volume de empréstimos que os bancos podem realizar ao aumento do limite de operações do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) para compra de carteiras de bancos médios e pequenos, como a Folha antecipou.
 
Essa última medida é um socorro aos pequenos e médios bancos, especialmente os que operam com financiamento de automóveis novos e usados e não estão conseguindo obter recursos no mercado para fazer novas operações. Assim, o FGC poderá disponibilizar até R$ 9 bilhões (50% do seu patrimônio de R$ 18 bilhões) para dar um alívio de caixa a essas instituições. Antes, o limite era de 20% e não previa aquisição antecipada dos financiamentos.
 
Com o fundo já usou R$ 2,5 bilhões para comprar carteiras dos bancos, na prática, ele terá mais R$ 6,5 bilhões para atuar no mercado. Para evitar que o dinheiro fique empoçado em instituições que não são necessariamente as que mais precisam dos recursos, como aconteceu com o dinheiro dos depósitos compulsórios que o Banco Central liberou, o FGC fará as operações com bancos com patrimônio até R$ 2,5 bilhões.
 
Além disso, o governo decidiu reduzir do IPI para compra de caminhões, e foi autorizada a entrada da Caixa Econômica Federal no financiamento ao comércio exterior. Além de garantir o depósito dos clientes em caso de quebra de uma instituição, o FGC terá a missão também de fomentar a concessão de empréstimos por causa da falta de crédito.
 
Para isso, ontem, o CMN (Conselho Monetário Nacional) aprovou mudança no estatuto do FGC, criado a partir de contribuições dos bancos sobre os recursos captados dos clientes, e permitiu que ele possa comprar antecipadamente operações que ainda ocorrerão.
 
“Essa é uma regra que deverá constar dos regimentos internos”, disse o diretor de Desestatização do BC, Gustavo Matos do Vale. Além disso, o FGC deverá limitar o valor individual de cada operação em 50% do patrimônio do banco tomador dos recursos. Segundo ele, a medida não põe em risco a saúde do FGC. “Tenho certeza absoluta que não é arriscado”.
 
Carros usados – A nova função do FGC tentará reverter um problema no mercado de automóveis que se agravou com a decisão do governo de reduzir o IPI sobre carros novos. Apesar da redução no preço final, o consumidor que precisa dar seu carro usado como entrada para adquirir um 0 km teve prejuízo.
 
“A queda no valor de mercado dos automóveis usados é superior à redução no preço dos novos com a diminuição do IPI. No final, esse benefício é anulado”, diz Leonardo De Filippo, empresário do ramo há mais de 20 anos, dono de loja de venda de carros novos e usados em Pinheiros, na capital paulista.
 
Ele explica que um Pálio Fire 1.0, básico, zero-quilômetro era vendido na sua loja há dois meses por R$ 27 mil. “Hoje, com o reflexo da crise, que reduziu as vendas, e a queda no IPI, ele sai por R$ 23,5 mil”, diz Filippo. Com isso, o ganho seria de R$ 3.500. No entanto, se ele der de entrada um carro igual, ano 2005, esse benefício seria anulado. “O mesmo carro, ano 2005, era vendido a R$ 22 mil há dois meses. Agora, ele sai por R$ 16 mil”. Assim, o cliente receberia R$ 6.000 a menos pelo seu carro usado.
 
Sheila D’Amorim, da Folha de São Paulo
 

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