20 de Março de 2024 às 08:40
Juntas Podemos Mais
Na noite desta terça-feira (19), o Sindicato dos Bancários de Campo Grande-MS e Região promoveu uma palestra sobre as principais conquistas da categoria em prol das bancárias e a realidade das mulheres no país e a violência vivida por elas, com a bancária, secretária da Mulher da Contraf-CUT e coordenadora da Rede Uni Mulheres Brasil, Fernanda Lopes. O evento reuniu bancárias, aposentadas e trabalhadoras de outros setores e reforçou a importância da luta por igualdade de gênero e representatividade feminina no setor bancário e em todos os espaços da sociedade brasileira.
“Precisamos ocupar os espaços de poder. Quando eu entrei no sindicato, tinham poucas mulheres, na executiva nem pensar, mas hoje estamos ocupando o nosso espaço, conquistando respeito da diretoria e da categoria. As nossas pautas são nossas pautas, se não for a mulher para defendê-las, quem vai fazer?”, questionou a presidente do sindicato, Neide Rodrigues.
A mesa de abertura foi composta por um grupo de mulheres inspiradoras que ocupam posições de destaque em diferentes áreas: Neide Rodrigues, presidente do SEEBCG-MS; Cléo Bortolli, presidenta da Fetiems e secretária da Mulher da CUT-MS; Dilma Gomes da Silva, secretária geral da CUT-MS; Severina da Silva, gerente de Cerimonial da Assembleia Legislativa de MS; Andreia Ferreira, supervisora técnica do Dieese; e a palestrante Fernanda Lopes.
A palestra, realizada no contexto do Mês da Mulher, abordou temas como a trajetória de luta das mulheres na categoria bancária e as principais conquistas obtidas ao longo dos últimos 20 anos.
“A luta da categoria foi colocar esses direitos dentro da nossa convenção coletiva, porque independente de qualquer mudança na legislação, as mulheres bancárias estão protegidas e estão com seus direitos garantidos. Em 2020, foi criado o programa de prevenção à violência doméstica e familiar, onde todos os bancos tiveram que implementar canais de atendimento a essas bancárias para acolhimento e orientação. Dados mostram que uma mulher que é vítima de violência ou assédio sexual, isso vai impactar no trabalho - ela vai faltar, vai chegar atrasada, o rendimento vai cair. Os bancos como empregadores, se querem pregar como uma empresa cidadã, eles tem que cuidar dessa mulher”, destacou a secretária da Mulher da Contraf-CUT e coordenadora da Rede Uni Mulheres Brasil, Fernanda Lopes
Fernanda ainda expôs de forma crítica e propositiva os desafios enfrentados pelas mulheres bancárias, como a disparidade salarial, o assédio moral e sexual. Ela citou que, em 2022, foi assinada a cláusula de combate ao assédio sexual dentro dos bancos e lembrou, inclusive, o escândalo de assédio dentro da Caixa Econômica Federal, praticado pelo então presidente do banco com diversas funcionárias.
A secretária da Mulher da Contraf-CUT também informou que, apesar de ser uma categoria organizada, com uma Convenção Coletiva de Trabalho Nacional, onde há um piso salarial, ainda existe diferença salarial entre homens e mulheres. “Temos diferença de 22,2% no salário de um homem branco para uma mulher branca. Quando faço um recorte racial, para uma mulher negra, a diferença é de 40,6%. Não queremos nada há mais ou há menos, só queremos igualdade, poder trabalhar e exercer a mesma função do colega e ganhar a mesma coisa”, disse.
A palestrante citou que, em 2019, a categoria também criou o projeto “Basta! Não irão nos calar!”, que oferece assistência as mulheres trabalhadoras do ramo financeiro em situação de violência doméstica e assédio sexual. O programa já é realizado por sindicatos espalhados nas cinco regiões do país, que representam trabalhadoras de 357 cidades.
“Desde 2019, o programa já atendeu 413 mulheres, que geraram 198 medidas protetivas com base na Lei Maria da Penha, para proteger a vida dessas mulheres. O programa está efetivamente salvando vidas. A Lei Maria da Penha é a quinta melhor lei de proteção às mulheres do mundo, mas, apesar disso, ainda temos tantos casos e somos um país violento com as mulheres”, destacou Fernanda.
No SEEBCG-MS, o projeto deve ser implantado para atender as trabalhadoras do ramo financeiro e também de outras categorias. “O sindicato quer ser referência nesta proteção às mulheres trabalhadoras, mas para isso precisamos nos capacitar primeiramente, mas assumo o compromisso de implantar esse programa em Campo Grande, porque sentimos essa necessidade, já que estamos no terceiro estado mais violento com as mulheres”, enfatizou a presidente Neide Rodrigues.
As mulheres presentes na palestra puderam se descontrair, trocar experiências e fortalecer a união entre as participantes. O sindicato sorteou diversos brindes como forma de homenageá-las e incentivar a participação feminina em eventos futuros.
“Estou feliz hoje por conseguirmos reunir essas mulheres aqui, saímos daqui com maior conhecimento do nosso papel de mulheres na família e no nosso movimento sindical, enfim, na sociedade. Precisamos ter essa união das mulheres para combater essa grande violência que assola o país. Somos um país onde a gente tem percebido e tem entristecido com o número alto de violência contra as mulheres. Por isso, debater esse assunto para nós é muito importante", concluiu a presidente Neide Rodrigues.
Ainda foram servidos coquetéis e drinques, além de petiscos variados, proporcionando um momento de descontração e confraternização.
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