11 de Janeiro de 2008 às 10:57

Navegando nos lucros, bancos geram doenças e não empregos

Embora o Brasil seja um verdadeiro paraíso para instituições financeiras, graças às condições que proporcionam lucros estratosféricos, os resultados pouco têm se refletido no dia a dia dos bancários. Um dos indicadores mais fiéis dessa situação é o número de empregos gerados no setor. Nos últimos três anos, o número de postos de trabalho não ultrapassou os 420 mil, e indicadores do setor apontam que a atividade bancária é uma das que mais registram queda na geração de emprego. Como conseqüência, os trabalhadores estão cada vez mais sujeitos às doenças do trabalho, devido ao aumento da demanda de serviços diante de um quadro de pessoal menor.
 
“Vemos os bancos ampliarem cada vez mais sua gama de serviços e, como conseqüência, suas oportunidades de lucro. No entanto, o número de postos de trabalho se mantém no mesmo nível nos últimos anos, e alguns dos grandes bancos vem proporcionando mais e mais cortes de pessoal”, afirmou José Aparecido Clementino Pereira, presidente do Sindicato dos Bancários de Campo Grande/MS e Região, em referência ao HSBC que, em 2007, promoveu três ondas de demissões que resultaram no fechamento de quase mil postos de trabalho.
 
Para muitos essa tendência atende pelo nome de globalização. “Para reduzir custos e aumentar a produtividade, as empresas estão integrando as equipes”, disse à Folha de S. Paulo o secretário de Políticas Públicas de Emprego do Ministério do Trabalho, Sérgio Vidigal.
 
Parte desses resultados está refletida na Relação Anual de Informações Sociais do governo: entre 2003 e 2006, cinco atividades ligadas diretamente ao setor bancário figuravam entre as 15 que apresentaram queda na geração de emprego. Mário Fagundes, do Grupo Catho, afirmou ao SP Bancários que há uma cultura de se investir em “multifuncionais”, isto é, trabalhadores que assumem mais de uma função e que ocupam cargos de outros mais antigos.
 
Conseqüências – Mais trabalho, menos funcionários, mais problemas de saúde. A equação é conhecida do trabalhador há anos. Em 2006, o segmento bancário foi o que mais registro doenças ocupacionais no País: foram 2.652 casos registrados por meio da Comunicação de Acidentes de Trabalho. O número aparece em reportagem do Valor Econômico desta quinta-feira (10 de janeiro).
 
“Más condições de trabalho, metas abusivas e a falta de pessoal criam um ambiente favorável para o surgimento das doenças do trabalho. É algo que sempre alertamos e combatemos”, ressaltou Clementino, ao destacar que o Sindicato está sempre aberto para receber denúncias sobre o tema e, desta forma, intervir em favor da saúde do trabalhador bancário.
 
Vale lembrar que as doenças do trabalho não se resumem à LER/Dort. Atualmente, a pressão tem causado problemas de ordem mental, desencadeados pelo stress. “O tempo em que se considerava vítima de doença de trabalho ‘apenas’ quem apresenta lesões físicas decorrentes da atividade ficou para trás. O avanço da atividade bancária trouxe consigo o desgaste emocional, cada vez mais comum entre os trabalhadores”, sustentou Clementino.
 
Diante do alto número de adoecimento dos bancários, o governo federal determinou o aumento da alíquota de contribuição dos bancos para o SAT (Seguro de Acidente de Trabalho), que passou de 1% para 3%, a maior possível (também paga por setores como metalurgia, construção civil, transporte aéreo e atividades relacionadas ao esgotamento sanitário). Em outras palavras, o setor bancário é considerado um dos que mais oferece riscos para a saúde dos trabalhadores.
 
Secretaria de Imprensa em Comunicação, com Contraf/CUT e SP Bancários
 

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