27 de Março de 2020 às 15:45
Combate ao coronavírus
Uma pergunta tem tirado o sono dos dirigentes sindicais: O que mais pode ser feito para resguardar a vida dos bancários? Essa pergunta não sai cabeça porque essa é uma questão nova, de crise de saúde pública com a pandemia do coronavírus, que foge da expertise sindical.
Por isso, que desde o dia 12 de março, o sindicato começou a cobrar da Fenaban atitudes para preservar a vida dos bancários e bancárias. Assim, foi criado, já no dia 16, o comitê de crise que imediatamente solicitou ações para a garantia da saúde e segurança dos bancários, principalmente daqueles que fazem parte do chamado grupo de risco e das mulheres em gestação, que foram para o home office.
De imediato, os bancos também passaram a adotar a comunicação preventiva; o reforço na limpeza e a adoção da quarentena para aqueles que retornavam de viagens ao exterior. Mas era preciso mais e, por isso, foi solicitado: suspensão das demissões; suspensão da cobrança de metas; controle de acesso às agências, para que não houvesse aglomerações; suspensão temporária das atividades de agências em áreas de risco, como aeroportos e hospitais; e muito mais. A Federação dos Bancos também atendeu a solicitação do sindicato de fazer campanha de conscientização com a população, para que evitassem ir às agências bancárias e buscassem o atendimento através dos canais digitais e caixas eletrônicos.
As solicitações, que pareciam exageradas, aos poucos foram se mostrando mais que necessárias. Nos dias que se seguiram, o Ministério da Saúde intensificou as orientações e os bancos começaram a atender os pedidos do sindicato. Primeiro, o Santander, depois o Bradesco e Itaú. Mesmo assim, os bancos públicos resistiam em tomar medidas efetivas, que só aconteceram depois de muita cobrança por parte da entidade sindical.
À medida que os perigos do coronavírus começaram a se intensificar, o sindicato iniciou um trabalho junto a população, emitindo notas de esclarecimentos e estimulando a imprensa a informar as pessoas para que evitassem ir ao banco. Já era possível sentir a tensão dentro das agências. Nesse momento, era preciso dar exemplo: o clube de campo dos bancários e sede do sindicato foram fechados. Diretores e funcionários, colocados em home office.
Ainda assim, a luta continuou. Junto com a Contraf-CUT, o Sindicato cobrou uma atitude do Banco Central e encaminhou ofícios ao governador do Estado e aos prefeitos de todos os municípios da base, solicitando o fechamento das agências. O Banco Central atendeu a reivindicação e emitiu uma circular cobrando a padronização das medidas adotadas pelos bancos para garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores. Já com o governador e com a maioria dos prefeitos não teve acordo. Felizmente, o sindicato foi atendido pelas Prefeituras de Campo Grande, Jardim, Miranda e Aquidauana.
Mas a população foi surpreendida, na noite do dia 24 de março, pelo presidente da República que, atendendo aos apelos de grandes empresários, fez um pronunciamento na contramão do que tem feito o mundo e líderes das principais potências. Ele pediu que as pessoas saiam do isolamento, voltem ao trabalho e colocou em xeque as medidas para conter o coronavírus de prefeitos e governadores. Essa atitude encorajou empresários de vários segmentos, que passaram a pressionar prefeitos e governadores a encerrar a quarentena. Propondo trocar vidas para salvar a economia. Já é possível sentir a tensão no ar.
Mas, o sindicato não desistiu e dirigentes iniciaram a distribuição de cartazes pelas agências com o objetivo de informar a população e conscientizar sobre a importância de só ir ao banco em casos de extrema necessidade, e aproveitaram para tranquilizar os bancários que a entidade não medirá esforços em defesa da categoria.
Não é possível prever por quanto tempo as agências permanecerão fechadas para atendimento ao público, principalmente no caso da capital sul-mato-grossense. E isso aflige a diretoria ainda mais, principalmente porque o Ministério da Saúde divulgou, nesta quinta-feira (26), que estamos apenas no início da contaminação e que a situação deve se agravar nos próximos 30 dias.
Mesmo assim, com todas essas adversidades, o sindicato reforça o compromisso com a categoria, de que continuará cumprindo sua missão: propondo, sugerindo e cobrando, de banqueiros e autoridades, condições de trabalho que garantam a segurança e o bem estar das trabalhadoras e trabalhadores bancários.
Em troca, o sindicato pede a união da categoria, além de acreditar que é preciso superar questões políticas em nome todos. Trabalhar em ações conjuntas, cobrar os políticos para que façam algo pela população brasileira. E que esse episódio sirva, mais uma vez, para compreendermos quem está do lado dos trabalhadores.
Link: https://seebcgms.org.br/noticias-gerais/o-que-mais-o-sindicato-pode-fazer-para-resguardar-a-vida-dos-bancarios/