3 de Março de 2009 às 09:40

Perdas bancárias derrubam bolsas

As perdas de instituições financeiras de países desenvolvidos com ativos "tóxicos" parecem não ter fim e arrastam o mercado global para níveis cada vez mais baixos. Ontem, 02/03, o Índice Dow Jones, o mais tradicional da Bolsa de Nova York, fechou na menor pontuação desde abril de 1997. A queda de 4,24% levou o indicador para 6.763 pontos.

A onda de pessimismo foi detonada pelo prejuízo de US$ 61,7 bilhões da seguradora American International Group (AIG) no quarto trimestre e pelo lucro 70% menor do britânico HSBC em 2008. Maior banco europeu pelo critério de valor de mercado, o HSBC informou que fará uma emissão de ações para reforçar o capital.

"As coisas podem ficar ainda piores, bem piores", definiu o estrategista-chefe de mercados da Bell Curve Trading, Bill Strazzullo.

Para Roberto Padovani, economista-chefe do banco WestLB, o mercado se aproxima de uma situação descrita há cerca de dois meses em um artigo do economista Frederic Mishkin, que foi diretor do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) até agosto do ano passado.

"Ele falou em um ciclo vicioso, no qual as perdas do setor imobiliário afetam os bancos, o que, por sua vez, afeta a economia real", disse. "Em contrapartida, os problemas da economia real (como desemprego) afetam o setor imobiliário e os bancos."

Para quebrar o que chama de espiral negativa, Padovani diz que é necessário um choque que vá além de políticas monetária e fiscal agressivas. Isso passa, segundo ele, por uma melhora definitiva da confiança no sistema financeiro americano. "Um aumento da participação estatal nos bancos é inevitável", observou.

A AIG, por exemplo, que já está sob controle do governo americano desde setembro do ano passado, recebeu ontem um novo aporte de US$ 30 bilhões. "Quanto mais tempo demora (a solução), mais caro ficará", alertou.

No Brasil, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) desvalorizou 5,1% e o dólar disparou mais de 3%, para R$ 2,443. Diferentemente do Dow Jones, o principal termômetro do mercado acionário brasileiro ainda está distante do menor nível já atingido durante a atual crise - 29.435 pontos no dia 27 de outubro do ano passado. Ontem, fechou aos 36.234 pontos.

Para o economista Ricardo Amorim, presidente da Concórdia Asset Management, esse deve ser o panorama nos próximos meses. "O Brasil integra um grupo de emergentes que não tinha bolha de crédito nem registrava déficits elevados na área fiscal e/ou na conta corrente."

Por isso, disse o economista, deve se sair relativamente melhor do que o mercado dos países desenvolvidos. A menos, ressaltou Amorim, que haja uma nova rodada de pânico global, como em setembro e outubro passados. "Aí todos sofrem."

Fonte: Leandro Modé e AP/ Estadão

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