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Está no ar a partir da quinta-feira 27 de fevereiro a pesquisa “Práticas de Gestão, Violência e Adoecimento pelo Trabalho em Instituições Financeiras”, organizada pela Federação dos Empregados em Empresas de Crédito do Centro-Norte (Fetec-CUT/CN) com o objetivo de obter informações mais aprofundadas sobre a gestão, os atos de violência e o adoecimento no trabalho. Além da pesquisa, a Fetec criou a Clínica do Trabalho, para ouvir os trabalhadores que já adoeceram ou que estão tendo algum tipo de sofrimento por causa do trabalho. E também está organizando um curso de formação de dirigentes sindicais para qualificação na área de saúde e condições de trabalho.

A pesquisa é sigilosa e está disponível para todos os trabalhadores do ramo financeiro da região, o que inclui bancários, financiários e funcionários de cooperativas, fintechs e de todos os segmentos que atuam com intermediação financeira. Para participar, basta clicar aqui.

“Solicitamos a todos os sindicatos filiados que se engajem na convocação e realização da pesquisa, ampliando também para os trabalhadores dos outros setores do ramo financeiro”, fez o apelo Wadson Boaventura, secretário de Saúde e Condições de Trabalho da Fetec-CUT/CN.

A pesquisa vai até o dia 31 de maio e será coordenada pela psicóloga do trabalho Ana Magnólia Mendes.

Com a pesquisa e com a Clínica do Trabalho o objetivo da Federação é realizar um diagnóstico preciso que forneça dados para negociar com os bancos soluções que ponham fim a essa verdadeira epidemia de adoecimentos que assola hoje os trabalhadores do ramo financeiro, de forma a estabelecer políticas sindicais e institucionais de prevenção e promoção em saúde mental da categoria.

Fale sobre seu sofrimento na Clínica do Trabalho

A Clínica do Trabalho será conduzida pelos psicólogos do trabalho Paulo Cesar Rodrigues dos Reis e Arthur Pires de Menezes. Eles estarão em tempo integral à disposição dos trabalhadores para ouvir seus relatos de sofrimento em razão do trabalho.

Você pode entrar em contato com os psicólogos pelo email clinicadotrabalho.fetec.cn@gmail.com.

“Queremos ouvir os bancários e bancárias, tanto os que já são vítimas de adoecimentos quanto os que ainda não, mas também estão sofrendo”, explicou Ana Magnólia. “Os especialistas em psicologia do trabalho vão atender e conversar com esses trabalhadores, para ajudá-los a enfrentar o sofrimento e também para entender com profundidade as causas dos adoecimentos e como funcionam as estratégias e os discursos tirânicos dos bancos para persuadir e obter a adesão desses trabalhadores a suas práticas de gestão que geram violência e adoecimentos.”

‘Você tem direito à vida: Menos Vigilância, Mais Saúde!’

A pesquisa e a Clínica do Trabalho foram lançadas pela Fetec-CUT/CN na quarta-feira 26 de fevereiro durante o seminário em plataforma virtual “Você Tem Direito à Vida: Menos Vigilância, Mais Saúde!”, que contou com palestra de Ana Magnólia Mendes.

A pesquisa, que também terá o apoio da Fenae, é um aprofundamento da pesquisa nacional realizada no ano passado pela Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), que ouviu apenas 133 bancários e bancárias das regiões Centro-Oeste e Norte, o que equivale a apenas 3,3% do total.

“As pesquisas nacionais da Contraf-CUT ficaram muito centradas no Sul e Sudeste, onde se concentra o sistema financeiro privado. Precisamos ter um olhar específico para nossas regiões e fazer um diagnóstico mais preciso sobre a realidade da categoria nas nossas bases sindicais”, disse na abertura do seminário Wadson Boaventura.

“Estamos assistindo a cada dia mais os bancários adoecerem em razão dos modelos de gestão dos bancos baseados na pressão e no assédio por cumprimento de metas. Precisamos conhecer melhor essas causas e atuar de forma mais incisiva para combater essa violência. O conhecimento que já acumulamos sobre o tema foi muito importante na mesa de negociação da campanha nacional de 2024”, destaca Rodrigo Britto, presidente da Fetec-CUT/CN.

Quem é Ana Magnólia

A psicóloga do trabalho Ana Magnólia Mendes é a maior especialista brasileira nas relações de trabalho da categoria bancária. Ela começou a estudar o tema em 2003, quando já era professora da UnB (Universidade de Brasília) e coordenou uma pesquisa para o Sindicato dos Bancários de Brasília.

Ela continua professora da Universidade de Brasília e pesquisadora do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho da UnB, onde coordena o Projeto de Atendimento Trabalhadores no Divã e o Grupo de Pesquisa Psicanálise e Crítica Social do Trabalho. É autora de vários livros, entre eles “Trabalho e Sofrimento: Práticas Clínicas e Políticas” e “Clínica Psicodinâmica do Trabalho: O Sujeito em Ação”.

Atualmente Ana Magnólia também é pesquisadora associada ao Centre de Recherche du Travail et du Développement (CRTD) do Conservatoire des Arts et Métiers (CNAM), de Paris. Ela também participou da coordenação da pesquisa realizada no ano passado pela Contraf-CUT em todo o país.

Por: Fetec