14 de Setembro de 2009 às 09:27

Valor: Previ já reestrutura participações em empresas do setor

Valor Econômico
Josette Goulart, de São Paulo


Foi num evento na Bahia que veio a primeira declaração pública dos gestores da Previ sobre a reorganização de suas participações no setor elétrico. Disseram eles, há menos de um mês, que teriam de se desfazer de um de seus dois principais ativos no setor de energia para evitar futuros conflitos. Assim, ou eles vendem os 31% que possuem na CPFL Energia, avaliado pela própria Previ em R$ 5 bilhões, ou os 49% na Neoenergia, avaliado em R$ 6,2 bilhões.


Uma semana depois, o presidente da CPFL Energia, Wilson Ferreira Junior, declarava aos jornais que a tendência era que Neoenergia e CPFL fossem parceiras no leilão de Belo Monte, que será a maior usina hidrelétrica a ser construída no país depois de Itaipu.


Em entrevista ao Valor, o diretor de participações da Previ, Joilson Ferreira, diz que ainda é possível manter essas duas participações por mais alguns anos sem grandes conflitos de interesse. "Essa situação precisa ser resolvida apenas no médio prazo, quando de fato os ativos à venda tanto de geração quanto de distribuição ficarão mais escassos", diz Ferreira.


Na parte de distribuição de energia, o diretor da Previ destaca o fato de hoje as duas companhias estarem geograficamente distantes. Em geração, ambas constroem hidrelétricas em lugares diferentes e nos grandes projetos hidrelétricos elas podem se unir, diz Ferreira.


Apesar de apostar numa solução em médio prazo, que ele define como cinco anos, algumas situações reais começam a mostrar que talvez em breve a Previ tenha de tomar uma decisão. Hoje, por exemplo, os representantes da Previ precisam sair das salas de decisões da CPFL quando vai se discutir detalhes sobre compra de distribuidoras de energia. E isso tem acontecido com frequência.


Com a crise financeira e o fim do segundo ciclo de revisão tarifária, que reduziu os valores cobrados na maioria das regiões, muitos estrangeiros estão colocando os ativos à venda no país. Algumas outras companhias privadas em dificuldades também podem ter de se desfazer de empresas. E tanto CPFL quanto Neoenergia estão de olho nessas oportunidades, em busca da consolidação do setor de distribuição, que tem 64 empresas espalhadas pelo país.


Além disso, desde que anunciou a intenção de se desfazer de um dos dois ativos, a Previ já tomou algumas medidas práticas. A empresa 521 Participações, que é dona das ações da Neoenergia e da CPFL, foi desmembrada e agora a Previ passará a deter participação direta na CPFL. A 521 vai manter apenas as ações da Neoenergia.


Segundo o comunicado emitido pela 521, essa iniciativa já faz parte da reestruturação das participações do fundo de pensão em empresas do setor elétrico.


Sobre a escolha a ser feita pela Previ, existe uma aposta velada no mercado de que a opção do fundo seria sair da CPFL. Os dividendos da CPFL foram recebidos ao longo dos anos, enquanto a Neoenergia optou por manter caixa. O bloco de ações na CPFL também é menor do que na Neoenergia, onde inclusive a Previ tem hoje uma ação mais direta e efetiva. O próprio Joilson Ferreira é presidente do conselho de administração da empresa.


É fato também que algumas dificuldades recentes na sociedade com a Iberdrola vieram à tona. O grupo espanhol decidiu a poucos dias da conclusão da compra dos ativos da Terna Participações sair do negócio, por dificuldades vividas na Espanha. A empresa teve seu rating rebaixado e naquela semana apresentou resultados pouco promissores.


A saia justa com a Cemig, que acabou comprando sozinha a Terna, foi grande. Ferreira diz que será preciso fazer algumas mudanças na forma de atuar em próximos negócios. "Quem vai querer ser sócio hoje da Neoenergia em alguma aquisição com esse histórico", diz Ferreira.


Para isso se estuda uma alteração no acordo de acionistas e possivelmente qualquer nova parceria terá que ter um documento oficial assinado pela Iberdrola, com o comprometimento de que as possíveis aquisições serão concluídas.


Ferreira defende ainda que a empresa tenha a gestão toda feita por profissionais de mercado, sem ter indicação de um ou outro sócio. E o próximo passo na Neoenergia é lançar ações em bolsa de valores.


Dessa forma, a Previ já pode também reduzir sua participação, sem perder o controle. É bom lembrar que o fundo tem prazo até 2014 para se enquadrar nas regras de aporte de capital em renda variável.


Fonte: Valor Econômico

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