25 de Abril de 2011 às 10:02

Captações externas aceleram, mas bancos médios ficam de fora

Valor Econômico
Cristiane Perini Lucchesi


Empresas, bancos e governo brasileiros já levantaram um total de US$ 19 bilhões neste ano no mercado internacional de títulos de renda fixa e empréstimos sindicalizados (com a participação de vários bancos), segundo o Valor Data.


A decisão da Standard & Poor's, de colocar em dúvida a qualidade de crédito do governo dos Estados Unidos (ao anunciar que a perspectiva do rating do país agora é negativa), não alterou a disposição crescente dos investidores internacionais para comprar papéis de empresas brasileiras.


A exceção fica por conta dos bancos pequenos e médios, que não estão com a mesma sorte - a dificuldade de captar recursos para essas instituições financeiras não se restringe ao mercado interno.


"A liquidez internacional continua muito elevada e nem a possibilidade de alta nos juros americanos neste ano ou a crise na Europa devem pôr um freio no apetite por Brasil", diz Eduardo Borges, responsável pela área de mercado de crédito local e internacional do Santander.


"O impacto da decisão da S&P na curva de juros dos títulos americanos foi limitado e o mercado continua aberto para empresas brasileiras, e não apenas as de grande porte", comenta Alexei Remizov, diretor-gerente da HSBC Securities em Nova York.


O primeiro trimestre foi forte, com US$ 14,3 bilhões captados no exterior, um aumento de 3,6% na comparação com os US$ 13,8 bilhões dos últimos três meses do ano passado, período que já havia sido forte. Neste mês de abril o mercado internacional permaneceu aquecido: US$ 4,7 bilhões já foram levantados. "O feriado de Páscoa trouxe uma pausa momentânea nas captações, mas o início de maio promete", diz Carlos Gribel, diretor do Banco Máxima.


Em meio a esse cenário favorável para o Brasil, o Banco Pine e o Banco Bonsucesso desistiram de colocar seus papéis na semana passada por causa da baixa demanda, segundo especialistas ouvidos pelo Valor. O Banco Cruzeiro do Sul acabou obtendo menos do que havia desejado - US$ 150 milhões - e pagando rendimento de 7,875% ao ano pelos seus títulos de três anos, na comparação com os juros de 7,5% ao ano inicialmente propostos aos investidores.


O BMG, de porte maior, captou no início do mês US$ 300 milhões por sete anos, mas pagou rendimento de 8,25% ao ano, o que fica bem caro após a conversão da dívida para reais. Chega a mais de 140% dos juros dos Certificados de Depósito Interfinanceiros (CDI).


Foi bem diferente do que aconteceu com a emissão da novata Hypermarcas, que inaugurou sua participação no mercado internacional com demanda superior a US$ 5,5 bilhões dos investidores.


No final, a companhia acabou lançando US$ 750 milhões com o prazo de vencimento em dez anos e pagando juros de 6,75% ao ano, em transação liderada pelos bancos Citi, Credit Suisse e HSBC.


A dificuldade dos bancos médios de captar no exterior não diz respeito à falta de apetite por risco dos investidores internacionais. Uma prova é a emissão da Coelba, que, depois de várias tentativas, conseguiu levantar com sucesso R$ 400 milhões em títulos indexados ao real no exterior e pagou 11,75% ao ano.


As emissões em reais são de maior risco para o investidor internacional, pois uma desvalorização da moeda pode comer parte do ganho com juros.


Ainda na terça-feira passada a General Shopping Brasil vendeu US$ 50 milhões dos mais arriscados eurobônus perpétuos, sem vencimento final, e pagou rendimento de 9,842% ao ano, sob a liderança do Bank of America Merrill Lynch e do BTG Pactual.


Segundo analistas, a dificuldade de captar dos bancos médios se deve ao fato de os investidores externos estarem "entupidos" de papéis dessas instituições, depois do ano recorde de emissões em 2010 e de um início de 2011 ainda forte.


O caso do PanAmericano não ajudou e os investidores têm dúvidas sobre o desempenho dos bancos de crédito ao consumidor, principalmente o consignado, depois dos apertos promovidos pelo BC. Somam-se a isso as mudanças contábeis no setor e a retirada de estímulos para os bancos maiores darem crédito aos menores.


Fonte: Valor Econômico

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