26 de Agosto de 2020 às 08:40
Campanha Nacional
Mais de 150 bancários da capital e demais cidades do interior do Estado que integram a base do Sindicato dos Bancários de Campo Grande e Região (SEEBCG-MS) participaram da assembleia virtual realizada na noite dessa terça-feira (25).
Na assembleia organizativa, a presidente do SEEBCG-MS, Neide Rodrigues, e os diretores Rubens Jorge Alencar, Everton Espíndola e José dos Santos Brito apresentaram detalhes sobre as negociações com a Fenaban durante a Campanha Nacional dos Bancários 2020.
Os bancários puderam participar da discussão com relatos sobre a situação em suas agências e envio de perguntas.
A presidente do sindicato falou dos desafios que o Comando Nacional vem enfrentando durante as negociações com a Fenaban, desde o início do mês de agosto.
“Chegamos à 11ª rodada de negociação e sentimos uma resistência dos banqueiros em apresentar realmente aquilo que a categoria merece. As propostas estão muito longe do que esperávamos. A reposição da inflação é algo natural, é obrigação. Por isso, rejeitamos na hora a proposta de reajuste ZERO. O Comando não aceita proposta que represente retirada de direitos que conquistamos ao longo dos anos”, afirmou Neide Rodrigues.
A proposta mais recente, apresentada nessa terça (25), mantém a retirada de direitos, com reajuste zero nos próximos dois anos e redução da PLR. Os bancos ainda propuseram o pagamento de abono salarial de R$ 1.656,22 para este ano e de R$ 2.232,75 para 2021, que não repõe metade da inflação do período.
“Nós já vivemos isso nos anos 90. O abono não reflete em outras verbas como décimo terceiro e férias, não dá para trocar o reajuste por abono. Nós queremos o reajuste que tem reflexos nas verbas salariais e os bancos, como o setor que mais lucra no país, têm condições de atender a essa reivindicação”, ressaltou a presidente do sindicato.
A supervisora técnica do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) em Mato Grosso do Sul, Andreia Ferreira, participou da assembleia virtual e falou sobre os dados do boletim “De olho nas negociações”.
“Nesse levantamento, identificamos que mesmo categorias que não têm lucros, como no setor bancário, conseguiram ganho real nos salários, ainda que pequeno, ou tiveram pelo menos a reposição da inflação e essa proposta não tem aparecido em relação aos bancos. Isso é muito preocupante”, avaliou a economista.
O Itaú Unibanco teve lucro de R$ 3,9 bilhões, Bradesco de R$ 3,7 bilhões, Banco do Brasil de R$ 3,4 bilhões, Santander de R$ 3,8 bilhões e Caixa de R$ 3 bilhões no primeiro trimestre de 2020.
“Apesar da pandemia, os bancos conseguiram lucrar ainda na casa dos bilhões, então a gente tem que pensar porque o pedido dos trabalhadores não está sendo atendido”, questionou.
Paralelamente às negociações com a Fenaban, são realizadas reuniões com os bancos para acordos específicos, como no caso do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.
O secretário geral Rubens Jorge Alencar, que é bancário do Banco do Brasil, destacou os principais pontos debatidos até o momento. Além do reajuste zero, o banco propôs:
- redução de 3 para 1 ciclo avaliatório da Gestão de Desempenho Profissional (GDP) para descomissionamento;
- redução do percentual de distribuição de 4 para 2% do lucro líquido da PLR linear paga pelo programa próprio do banco.;
- impossibilidade de conversão em espécie e de acúmulo dos 5 abonos que o trabalhador tem direito uma vez por ano;
- registro do ponto eletrônico no intervalo intrajornada dos funcionários com jornada de 6 horas, podendo ser ampliado de 15 para 30 minutos;
- redução do prazo de avaliação pericial de 18 para 12 meses no caso de licença saúde;
- supressão dos 10 minutos de repouso aos funcionários que trabalham nas salas de autoatendimento;
“Por enquanto, não temos nada a comemorar. Como não houve avanços na negociação geral, também não conseguimos avançar em nossas demandas específicas. Esperamos que o cenário seja outro a partir desta quarta-feira”, avaliou o diretor.
Entre os pontos que podem ser considerados positivos na negociação com o Banco do Brasil estão: manutenção das ausências autorizadas; manutenção da mesa permanente de negociação; manutenção das mesas temáticas de teletrabalho e escritórios digitais; ampliação de 60 para 180 dias no gozo das folgas da justiça eleitoral; e implantação do ponto eletrônico nas coligadas.
O secretário de Relações Sind. e Saúde do sindicato, Everton Espindola, que é funcionário da Caixa, explicou que a maior preocupação durante as negociações específicas é a manutenção do Saúde Caixa.
“O que a Caixa quer é seguir o que está na CGPAR-23, mesmo que isso esteja em sub judice. As alterações nas mensalidades são extremamente altas. Existem projeções de mensalidades de R$ 400, que seria 2% do salário de um gerente por exemplo, passaria para R$ 1.300, individualizada”, exemplificou.
O banco também alega que há limitadores para o pagamento da PLR, como o teto de 25% do que é distribuído em dividendos (previsto no estatuto da Caixa e resoluções da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais).
“A Caixa diz que nem a PLR Social, ela teria condições de fazer o pagamento porque ultrapassaria esse valor, esse percentual máximo estabelecido. Sobre os demais itens, que são 63 cláusulas do acordo coletivo específico, praticamente não houve debate”, esclareceu o diretor do sindicato.
Antes, as cláusulas da Convenção e dos Acordos Coletivos anteriores eram válidas até o fechamento de um novo acordo. É a chamada “ultratividade” que garantia que a PLR, vales alimentação e refeição, auxílio-creche, e outros direitos definidos na CCT não fossem retirados dos trabalhadores quando estes instrumentos perdiam a vigência.
Contudo, a reforma trabalhista acabou com a ultratividade do Acordo Coletivo. Ou seja, se não houver um novo acordo até o dia 31 de agosto, data de vencimento da convenção atual, os bancários podem perder todos os direitos conquistados ao longo dos anos de luta e mobilizações.
A presidente do sindicato reforçou, mais uma vez, a importância da mobilização dos bancários pelas redes sociais devido à impossibilidade de manifestações presenciais por causa da pandemia.
“Nesse momento, a rede social é nossa ferramenta de mobilização, participação. Precisamos mostrar aos banqueiros nossa força, com comentários, postagens, compartilhamentos. Todos os dias estamos atualizando nossos canais digitais com informações sobre as negociações e esse é um momento decisivo”, afirmou Neide Rodrigues.
Além de acompanhar a página do sindicato nas redes sociais, os bancários também fazer o cadastro no whatsapp (67) 99211-3014 para receber as principais notícias sobre as negociações.
Nesta quarta-feira (26), haverá uma nova rodada de negociação com os bancos. A categoria deve ficar atenta às informações que serão divulgadas e participar da assembleia que será realizada na quinta-feira (27), às 18h, também de forma virtual.
Por: Adriana Queiroz/Assessoria de Comunicação do SEEBCG-MS
Link: https://seebcgms.org.br/campanha-nacional-2020/bancarios-participam-de-assembleia-virtual-sobre-negociacoes-com-os-bancos/