18 de Agosto de 2020 às 15:44
Ameaça
A negociação desta terça-feira (18) com a Fenaban, a sexta rodada da Campanha Nacional dos Bancários 2020, começou muito mal: a federação dos bancos apresentou uma proposta que pode reduzir em até 48% a PLR dos bancários.
A presidente do Sindicato dos Bancários de Campo Grande e Região (SEEBCG-MS), Neide Rodrigues, explica que o Comando Nacional dos Bancários rejeitou a proposta na hora. Ela ressalta que a mobilização da categoria será fundamental para impedir essa retirada de direito.
“Só a mobilização vai fazer com que os banqueiros valorizem o empenho que toda a categoria, que todos os trabalhadores tiveram para dar lucro porque os bancos não tiveram prejuízos, tiveram redução em relação aos anos anteriores, mas continuam lucrando. Portanto, nós queremos e exigimos a valorização dos trabalhadores que é o retorno daquilo que eles contribuíram para o banco, que é a PLR, conforme as regras anteriores, com os avanços que nós tivemos ao longo dos anos”, ressaltou Neide Rodrigues.
A redução da PLR proposta pelos bancos significaria um retrocesso aos patamares de 1995, quando a PLR foi negociada em acordo pela primeira vez. “A conjuntura deste ano já reduziu em 25% a PLR d@s bancári@s. Com essa proposta, as perdas chegam a quase metade da PLR. É completamente inaceitável.”, afirmou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, coordenadora do Comando Nacional.
Em linhas gerais, a proposta da Fenaban é reduzir a regra básica da PLR anual para: 72% do salário + Fixo de R$ 1.965,83, com limite individual de R$ 10.545,74 (desde que não ultrapasse 12,8% do lucro líquido do exercício). Hoje é: 90% do salário + Fixo de R$ 2.457,29, com limite individual de R$ 13.182,18, e desde que não ultrapasse 12,8% do lucro líquido do exercício.
Os bancos propõem também reduzir a parcela adicional para: 2% do lucro líquido do exercício dividido pelo número de empregados elegíveis, com limite individual de R$ 3.931,67. Hoje é: 2,2% do lucro líquido do exercício dividido pelo número de empregados elegíveis, com limite individual de R$ 4.914,59.
Segundo cálculos do Dieese, com a proposta da Fenaban, o percentual do salário da regra básica retornaria ao patamar de 1995; o percentual da parcela adicional retornaria ao patamar de 2012. Já os valores fixos da regra básica e parcela adicional teriam redução de 20%, retornando ao patamar entre 2014 e 2015. O acelerador da regra básica retornaria ao patamar de 2007.
A Fenaban propõe ainda que a CCT preveja a compensação dos valores pagos como PLR dos programas próprios dos bancos. Hoje a CCT prevê que isso “pode” ocorrer, mas os bancos querem que a CCT determine o desconto. “Ou seja, além da redução dos valores da PLR-CCT, os bancos ainda querem que, desses valores, sejam descontados os valores pagos como programas próprios. Ou seja, o montante aos bancários seria ainda menor”, explicou a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ivone Silva, uma das coordenadora do Comando Nacional dos Bancários.
Veja a redução por faixas salariais nos três maiores bancos privados (Itaú, Bradesco e Santander):
Outro problema levantado na reunião desta quinta-feira (18) foi o fato de a Fenaban ter apresentado apenas uma proposta incompleta diante das reivindicações da categoria. Os representantes dos bancos preferiram discutir apenas PLR, deixando de lado pontos como aumento real de salário, emprego, saúde e contratação do teletrabalho. “É importante ter uma visão do quadro como um todo. Cobramos proposta global para a próxima rodada nesta quinta-feira, com garantia de todos os direitos e aumento real”, afirmou a presidenta da Contraf-CUT.
Os representantes da Fenaban se comprometeram a apresentar o restante de suas propostas para a negociação na próxima reunião, marcada para quinta-feira (20).
Por: Contraf-CUT e SEEB/São Paulo com acréscimo de informações
Link: https://seebcgms.org.br/campanha-nacional-2020/retirada-de-direitos-bancos-propoem-reducao-de-ate-48-na-plr/