4 de Agosto de 2019 às 11:09

Conferência Nacional: Proposta de reforma da Previdência não combate privilégios

21ª Conferência

A 21ª Conferência Nacional dos Bancários debateu a reforma da Previdência neste sábado (3). O ex-ministro da Previdência Social, Carlos Gabas, disse que é importante os militantes do movimento sindical ter clareza de que não há proposta de reforma da Previdência em discussão. Para ele, o que chamam de “nova Previdência” trata-se, na verdade, de reforma fiscal, cuja conta será paga pela classe trabalhadora. “A proposta não tem absolutamente nada de combate a privilégios. A proposta apenas caça direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, especialmente de trabalhadores pobres”, afirmou.

Segundo o ex-ministro, os privilégios que existem na alta cúpula do Ministério Público e do Judiciário, por exemplo, não serão atacados. “O teto do salário deveria ser de R$ 39 mil, mas tem salário no Judiciário de 250 mil reais. Uma reportagem do Brasil de Fato mostra até os documentos que comprovam isso”.

Segundo Carlos Gabas, 90% do que o governo quer economizar não tem nenhuma relação com outra coisa a não ser com a retirada de direitos dos trabalhadores. “Ao mesmo tempo em que quer retirar direitos dos trabalhadores, o governo concede isenção tributária para empresas petrolíferas multinacionais. Quebraram a indústria naval nacional e agora concederam R$ 1 trilhão de isenções de tributos que deveriam ser destinados ao INSS”, informou, dizendo ainda que este R$ 1 trilhão vai sair da conta de trabalhadores que ganham até dois salários mínimos.

Mentiras

Para Gabas, a afirmação de que a reforma precisa ser realizada para equilibrar as contas da Previdência é uma “balela”. “Na verdade, juntamente com a reforma trabalhista, se for aprovada, o que a essa proposta vai fazer é quebrar a Previdência. E é esse o objetivo”.

O ex-ministro explicou que, na verdade, o projeto tinha dois eixos principais. O restante era assessório.

O primeiro deles é a desconstitucionalização de todas as regras da Previdência. O segundo é a substituição do modelo solidário pelo regime de capitalização individual. “Seria a morte do modelo de Previdência brasileiro”, disse. “Quem está interessado na aprovação da reforma como ela foi apresentada são os bancos. E não nos enganamos, a capitalização, que é o elemento central da proposta, não foi derrotada. Apenas se postergou sua aprovação. A meta é aprová-la”, alertou.

Gabas disse que este mesmo modelo que querem implantar no Brasil foi aplicado em 30 países. Em 18 já voltaram atrás. Nos outros 12 estão tentando voltar atrás. “Ai está a prova de que a previdência privada no modelo de capitalização que eles estão tentando aprovar não vai garantir a seguridade da população mais pobre. Vai apenas concentrar ainda mais a renda na mão de poucos”.

Gabas disse que muita gente está sendo convencida de que se não houver a reforma, não vai conseguir receber a aposentadoria. “É justamente ao contrário. Se houver a reforma, é que ele não vai receber”.

Disputa de projeto

Para Gabas, o que se trata, na verdade, é de uma disputa de projeto político, que está, de alguma maneira, destruindo o tecido social. “Aqui, ninguém de nós passa fome. O que nos move é que ao sair daqui vemos pessoas que passam fome. Não queremos ver pessoas passando fome. Queremos uma sociedade com justiça social e distribuição da riqueza. Mas, isso não importa para pessoas como Paulo Guedes.”

Nossa defesa

Nossa defesa da Previdência tem que se basear no fato de que a Previdência é um direito constitucional financiando com recursos de toda a sociedade: o patrão, o trabalhador e o governo.

A sociedade é responsável porque sua lógica de funcionamento não protege os mais pobres. A sociedade capitalista reproduz a desigualdade. Por isso, a sociedade precisa proteger os mais pobres. “E não me venha falar de meritocracia. Onde está a meritocracia na herança?”, questionou Gabas.

Também ajuda na defesa estar bem informado sobre o tema. Neste sentido, contribui a cartilha sobre a reforma da Previdência elaborada pela Contraf-CUT.

Vitórias

A remoção do benefício rural, do BPC e da capitalização do relatório substitutivo, segundo Gabas, é uma conquista da pressão que realizamos. “Mas, queremos derrotar a reforma como um todo, pois ela é muito prejudicial ao trabalhador. Por isso, temos que dialogar com as pessoas na vida real. Isso aqui não é vida real. A vida real é na rua, onde encontramos gente desempregadas e pessoas pobres”.

O ex-ministro sugere a montagem de barraquinhas para o recolhimento de assinaturas no abaixo-assinado contra a reforma, para contribuir com a aproximação das pessoas e a promoção do diálogo com os trabalhadores.

Além disso, montar acampamento em frente às casas e estabelecimentos dos deputados e senadores para fazer barulho e pressioná-los a votar contra a reforma. “Se cada sindicato aqui se responsabilizar por um deputado, vamos mudar esse jogo. Isso é pressão popular”.

Gabas lembrou ainda na necessidade de fazermos um movimento forte de mobilização popular para o dia 13 de agosto. “Se não tiver rua cheia, o Congresso vai aprovar a reforma e acabar com o sistema de proteção social”.

21ª Conferência Nacional dos Bancários

Bancários de todo o país se reúnem entre os dias 2 e 4 de agosto, em São Paulo, na 21ª Conferência Nacional da categoria. Os delegados e delegadas estão debatendo questões que interferem diretamente na sociedade e no cotidiano de trabalho nas agências e nos departamentos bancários, e definirão as estratégias e planos de ação para defender a soberania nacional, a democracia, os empregos, os direitos dos trabalhadores e combater a reforma da Previdência e as privatizações dos bancos públicos e das demais empresas públicas.

Representando os bancários e bancárias da base do SEEBCG-MS, estão participando os diretores Neide Rodrigues, Rubens Jorge Alencar, José dos Santos Brito, Luciana Rodrigues e Leila Cristina de Oliveira.

Fonte: Contraf-CUT e SP Bancários

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